quinta-feira, 14 de março de 2013

Sobre a venda da esquina

Em meio ao movimento intenso de carros e pessoas, que buscam auxílio nos escritórios de direito trabalhista, no INSS e na Secretaria Municipal de Saúde, em meio ao som dos bipes das senhas selecionadas, ao som das buzinas e ao som das conversas de espera, uma venda que sobrevive por mais de 50 anos. A venda da esquina do senhor Benetti nasceu em um tempo sem ruas, de muita poeira e pouca gente. Os frequentadores se comunicam através de brincadeiras, cumprimentam quem transita com pressa, falam de uma época que não volta mais. São poucos os que permanecem neste mundo. A maioria, como conta Benetti, partiu desta para uma melhor. Restaram as histórias e as fotos de um tempo áureo, em que todo mundo conhecia todo mundo. O entorno da venda não é o mesmo, a avenida não é a mesma. Cadê os rostos conhecidos? Já não se pode falar sobre o tempo, sobre o futebol, sobre a vida como antes. A vida é outra na Capital do Oeste. A cidade cresceu em volta da venda, que permanece intacta no café moído na hora e nos doces do baleiro antigo. Cinquenta anos é vida demais para não lembrar.