Fabiane De Carli Tedesco
As mudanças de comportamento, as revoluções femininas, as
velhas e as novas prioridades. Tudo isso pode ser encontrado em anúncios de
jornal, revista, rádio, TV ou internet. A publicidade e a propaganda acompanham
as incontáveis fases da mulher. E, todas as mulheres, independente do estilo,
provavelmente tenham motivos para comemorar o Dia Internacional da Mulher.
Juliane Franco, mãe de dois filhos, formada em matemática,
física e psicologia transpessoal, é também empresária. Sócia da HAKA
Multicomunicativa, Juliane trabalha com a criatividade, ao lado do esposo
Sérgio Franco, publicitário. “Em uma agência, até mesmo o ato de atender o
telefone precisa ser criativo”, comenta ela.
Para os dois, a mulher foi e continua sendo isca do consumo.
“Da década de 1950 para cá, muita coisa mudou, como o poder aquisitivo da
mulher. Se antes ela pedia para o marido, hoje a mulher compra com o próprio
dinheiro aquilo que quiser. Mais do que isso: a mulher tem papel fundamental na
hora da compra. Entretanto, alguns aspectos continuam iguais, como o fato da
mulher ainda ser isca do consumo.”
Embora trabalhe com publicidade e propaganda, o casal é um
tanto anti-consumista. Juliane, por exemplo, preza pela consciência no consumo.
Quando um cliente tem uma ideia apelativa, os dois tentam convencê-lo de fazer
algo diferente. “Temos clientes compatíveis ao nosso estilo de trabalho.
Tentamos mostrar que uma empresa pode ser sustentável de outras maneiras”, diz
Sérgio.
A esposa lembra de uma antiga revista Ele & Ela, de
1972, que mostrava a pornografia de maneira menos agressiva do que hoje. “As
mulheres deixavam aparecer, no máximo, os seios. Hoje, além das fotos serem
mais explícitas, as mulheres das revistas apresentam uma realidade distante,
por conta do Photoshop. Em segundos, olhando uma revista de moda, a mulher
sente uma sensação de depressão, porque nenhuma mulher é como aquela da
revista.”
Sérgio fala das pin-ups de antigamente que, embora
descortinassem uma sensualidade inocente, longe da vulgaridade atual, também
tinham o mesmo apelo. Na sua opinião, o que se vê nas revistas, principalmente nas
atuais, é uma mensagem nítida que remete ao corpo, sempre ao corpo. “Tudo está
relacionado ao corpo e pouco à inteligência”, lança. E, quando a inteligência é
destaque, é de forma estereotipada e com o intuito de conquistar alguém do sexo
oposto.
Mulher Objeto
O publicitário realizou uma pesquisa com o tema “Mulher
Objeto – A Representação da Mulher na Publicidade”, que serviu de base para um
debate na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó).
O cunho sexual da publicidade ao longo das décadas, a
representação da mulher ideal nos comerciais e a relação entre a mulher e a
bebida são apresentados na pesquisa. Nela, há também indícios de um antigo
preconceito que envolve mulheres e direção. Mas, o problema maior se dá na
erotização, que afeta o crescimento das meninas. Isso porque a exploração da
imagem feminina na mídia causa não somente depressão como distúrbios
alimentares, ao passo que doenças como anorexia e bulimia já são parte do
universo das meninas de 5 e 6 anos.
Segundo a cientista social Tânia Montoro, as revistas
femininas são carregadas de estereótipos e funcionam como um consultório
amoroso: ensinam como fisgar, como amarrar um homem, colocando a mulher no
papel de submissa, que precisa sempre agradar o sexo oposto. E, ao que tudo
indica, ser agradável o suficiente está em um nível distante, talvez distante
demais para os meros mortais.
Vice-campeão mundial em cirurgias plásticas – perdendo
apenas para os Estados Unidos – , o Brasil registra o movimento de milhões de
reais em função da famosa indústria da beleza. Conforme pesquisa divulgada
recentemente pela da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), só no
ano de 2011 foram realizados mais de 905 mil procedimentos no País, o que
representa um aumento de 43,9% em relação ao ano anterior. Em quatro anos, o
crescimento foi de 97%.