segunda-feira, 10 de junho de 2013

Luiz Aroldo e Katia Escobar


Um salto para o artesanato






Artesão autodidata, Luiz Aroldo quer se tornar um empresário, o que pode ser viável através do Projeto “Artesanato – Na Palma da Mão”

Por Fabiane De Carli Tedesco

Fazer o melhor com o que se tem. Com esta ideia em mente, Luiz Aroldo, 43 anos, criou o Ateliê DaPedra em um cantinho da sua casa. Dos desenhos a lápis, surgem novas malhas de metal que encantam pelos detalhes minuciosos, resultado de horas e mais horas de trabalho paciente. O antigo professor e representante comercial se tornou artesão autodidata no ano de 2000. Agora, Aroldo está em um processo de mudança: suas peças saem das ruas de Chapecó e ocupam as vitrines das joalherias do Sul.
Em busca da formalização, em outubro de 2012 ele tomou esta importante decisão. Uma espécie de salto, que transformará o artesão em empresário. As joias, obras de arte de Luiz Aroldo, já ganham banho de ouro, o que oferece mais requinte ao seu trabalho e o faz alcançar um público diferente.
Para ele, o momento em que vive casa perfeitamente com o Projeto “Artesanato – Na Palma da Mão”, apresentado na última sexta-feira, dia 7 de junho. O Projeto surgiu de uma parceria entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Secretaria de Assistência Social (SEASC). “O Projeto tem tudo a ver com esta minha fase, pois propõe a emancipação do artesão, a conquista da independência. Vou ter ajuda na divulgação do meu trabalho e vou poder emitir nota fiscal, o que será necessário a partir deste momento.”
A busca histórica do artista pela independência é vivida na pele por Aroldo. “A história do mundo mostra o artista sempre em uma situação de distância entre a arte e o dinheiro. Eu também procuro a independência financeira. Pretendo dar o preço adequado ao meu trabalho, que na rua valia R$ 40 e na vitrine R$ 290. Quero lançar o meu nome, divulgar a minha marca e ganhar visibilidade.”
Aroldo, por motivo de doença na família, precisou encontrar uma maneira de trabalhar por conta própria. Assim, começou a produção de chaveiros. Depois veio o macramê, a união entre as cordas e as pedras, o arame, o arame e as pedras e os banhos de ouro. Com fios de luz, que a maioria das pessoas joga fora, Aroldo faz os seus adornos, ricos em brilho e em movimento. Suas criações foram para o YouTube e, uma delas, já foi vista por mais de 500 mil vezes, virando moda em São Paulo.

Os manchados de Katia

No Estúdio Glamour, na Barão do Rio Branco, estão expostas as roupas de Katia Escobar. Os manchados de Katia, artesã há cinco anos, também ganharão uma força extra com o Projeto “Artesanato – Na Palma da Mão”. Criadora da Xuxeria’s Moda e Artesanato, Katia comenta que, por meio da SEASC, se tornou uma Microempreendedora Individual (MEI). Participar do projeto é o próximo passo, uma oportunidade de aprender mais e de ampliar o seu leque de opções.

Serviço:
Para conhecer mais o trabalho de Luiz Aroldo e de Katia Escobar, acesse:

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Café para esquentar os dias frios




Hoje é o Dia Nacional do Café, data que marca o início da colheita em boa parte do Brasil. Com o outono, há o aumento da procura pelo cafezinho, considerável também em Chapecó

Por Fabiane De Carli Tedesco

Os dias frios de outono pedem uma bebida quente, de preferência café. É o que muitas pessoas pensam, já que o aumento do consumo do café aumenta significativamente no outono e no inverno. Hoje, no Dia Nacional do Café, a reportagem do Jornal Sul Brasil seguiu o cheiro inconfundível do café e descobriu que o aumento chega a 70% em um estabelecimento da cidade.
É o que conta a proprietária Aldamaria Pereira. O apreço pelo café após o almoço foi percebido por Aldamaria quando passou a abrir o local ao meio-dia. “Começamos a oferecer almoço e verificamos que cerca de 60 a 70% das pessoas tomam café expresso depois da refeição.” Além do café, lá o chocolate quente e o capuccino não são procurados no verão. “Não é comum. Com a chegada dos dias frios, começamos a buscar novamente as máquinas que estavam guardadas.”
À noite, muitos clientes vão ao lugar para tomar o famoso cafezinho, que em breve ganhará ornamentos dignos de sua fama. “Os funcionários vão ser capacitados, fazer curso de barista, para que aprendam a dar um ar diferente ao café através da decoração.”
Para Aldamaria, trabalhar com o café é uma experiência apaixonante. “O café tem uma técnica que vem desde o grão, algo que influencia no produto final. Depende muito de uma boa escolha. Depois de tanto trabalhar com café, já percebo a diferença: se o café foi ou não bem extraído”, revela.

Dia Nacional do Café

A data foi criada no ano de 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) com a intenção de destacar o início da colheita na maior parte das regiões do Brasil e de valorizar esta bebida no País.

Para além da superfície



“Olhos do Coração” fala de uma criança incapaz de ver o mundo com os olhos físicos

Por Fabiane De Carli Tedesco

Foi no dia 15 de novembro de 2012 que o tão esperado primeiro filho de Marinês Pinsson Panozzo foi anunciado. “Olhos do Coração” é o primeiro livro de Marinês, que teve a sua história ilustrada por Claudia Alessandra Ramos Moschetta. Depois de uma longa procura, a Editora CRV, de Curitiba (PR), foi a escolhida para dar vida ao projeto da pedagoga, impossibilitada de fazer esforço físico, mas com uma mente inquieta e cheia de imaginação. “Procurávamos uma editora que aceitasse a minha forma de escrever e a forma da Claudia desenhar”, comenta Marinês. Com coragem e garra, Marinês e Claudia foram atrás, até que encontraram o que tanto procuravam.
Amante da leitura épica e da ficção com um fundo de verdade, nascida em 16 de agosto de 1965, a filha de Ibiaçá (RS) – chapecoense de coração – percorre as escolas para divulgar o resultado do seu trabalho. “Olhos do Coração” é uma obra de literatura infantil que foi uma espécie de saída para Marinês, que procurava uma maneira de fazer a diferença no mundo.
“Por conta de um problema de saúde, tive que parar de trabalhar. Só que eu não queria ser mais uma a não fazer nada. Queria fazer algo de bom para a humanidade, que fosse além da minha vida, da vida dos meus filhos. A vontade de fazer algo falou mais alto do que a preocupação com o custo inicial. O custo não é tão importante diante do fato de ter uma criança lendo, manuseando um livro com o seu nome.”
Se antes Marinês ensinava as crianças por meio do ofício de professora, hoje ela pode ensinar por meio da literatura. Um trabalho árduo, em um tempo em que muitas pessoas têm outras prioridades e deixam os livros um pouco de lado, na sua opinião. Classificada na Academia Taubateana de Letras, com menção honrosa da Academia Criciumense de Letras, com o poema “Intrépida Gente”, Marinês encontra no silêncio da casa o ambiente certo para criar. “As histórias surgem nos momentos mais solitários do dia, quando sou só eu comigo mesma.” Momentos de lucidez do pensamento, que não raro surgem em plena madrugada.
“Olhos do Coração” conta a história de uma criança que não vê com os olhos físicos. O texto instiga um segredo, que dá nome à obra. Para os amantes da boa literatura, uma pista: o livro está na Livraria Moderna e na Livraria Camões, em Chapecó. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O precioso conhecimento de uma parteira


Pelas mãos de Mariinha, incontáveis crianças vieram ao mundo

Por Fabiane De Carli Tedesco

Tantas crianças vieram ao mundo pelas suas mãos, que ela já perdeu a conta. Maria Celestina Rodrigues mora em uma casa perdida no tempo, em uma estrada de terra do Toldo Chimbangue, interior de Chapecó. Parteira, Maria, mais conhecida como Mariinha por conta da baixa estatura, também conhece o mistério das ervas, das quais extraiu remédios que, ao longo dos anos, curaram a sua família.
Mariinha, 83 anos, começou a fazer partos com 25 anos. Pelas suas mãos, nenhuma criança morreu. Para ela, o trabalho da parteira é importante e acredita que nascer pelas mãos de uma parteira é sempre melhor do que nascer pelas mãos de um médico de hospital. Nascida em Pinhal – pertencente ao município de Seara (SC) –, ela não se lembra em qual foi o dia em que nasceu. Mas uma coisa é certa: nasceu em casa, como era comum em seu tempo.
Mãe de oito, avó de incontáveis, bisavó de mais de 30 e tataravó de mais de uma dúzia, Mariinha teve o primeiro filho aos 14 anos e, depois de tanta vivência, ainda cuida de uma filha adotiva que está acamada. Além de parteira – ofício aprendido com a sogra – e criadora de remédios, ela trabalhou na roça, criou porcos e vacas de leite. Nunca passou os ensinamentos adiante, já que as novas gerações preferem a medicina dos hospitais ao invés da medicina da antiga cultura que, pouco a pouco, perde o seu impulso vital. Benzedeiros e médicos de ervas que já fazem parte de uma cultura extinta, desconhecida por muitos. Movidos pela ignorância, passam veneno nas terras, onde já não nascem as plantas de outros tempos.
Viúva há quatro anos, Mariinha certa vez foi ao médico e ele a desenganou. “Voltei para casa para morrer. Mas Deus foi o meu médico e ainda estou aqui.” Os filhos nunca perderam a esperança e deram a ela os remédios que a mãe sempre receitou às pessoas. “Minha mãe sempre salvou vidas e Deus sabia que ela também precisava ser salva”, comenta o filho Sebastião Antunes de Lima. Para Sebastião, Dia das Mães é todo o dia, embora exista apenas um dia comemorativo reconhecido. A alegria dele e dos irmãos é poder passar este dia ao lado dela, um privilégio aos seus olhos.
Segundo Mariinha, o que ela preserva após tantos anos de vida é algo chamado felicidade. “Me sinto feliz por ter os meus filhos por perto. É muito bom para uma mãe que, como eu, adora os seus filhos. Consegui criar os filhos, mostrando a eles o bom caminho. Como mãe, me orgulho por não ter nenhum filho no mau caminho. Eles não me deram trabalho, nunca foram da baderna.”
Mariinha guarda conhecimentos antigos, é dona de cores e símbolos mágicos, de lendas e costumes esquecidos. Na varanda, ascende o paiero e comemora, com um sorriso tímido, o dia em que as suas memórias estamparam as páginas de um jornal, inspirando tantas e tantas mães que celebram este dia mais do que especial.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Varieté


O humor crítico de Varieté


Cia De La Curva apresenta peça no próximo domingo, dia 12 de maio

Por Fabiane De Carli Tedesco

No dia 12 de maio, próximo domingo, a Cia De La Curva sobe ao palco do Serviço Social do Comércio (Sesc), de Chapecó, para apresentar a peça “Varieté Humor Crítico”. O espetáculo tem início às 18h, no Cine Teatro do Sesc. A entrada é gratuita e a distribuição das senhas tem início às 17h. Criada pelo ator Fernando Perri, a peça – ideal para um Dia das Mães em família – tem 50 minutos e é indicada para pessoas a partir de 12 anos.
Um monólogo com diversos personagens e diferente dos outros espetáculos da companhia, como diz Perri. Na peça, um palhaço deprimido e outro que vive de mau humor, além de um peixe politizado. São todos personagens que possuem características marcantes e são eles: o Palhaço Coragem, o Entrevistador, o Peixe e o Palhaço Paralelogramo. Em Varieté, o ator Fernando Perri interpreta os quatro personagens.
Segundo a companhia, o estilo teatral utilizado é o do teatro de variedades, também conhecido como “Varieté”. O público pode esperar por muito humor, destreza circense, improviso e interação com a plateia. Tudo isso forma o eixo central do espetáculo, que discursa temas importantes como política, sociedade e meio ambiente.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A voz calma e aveludada do rádio

Aos cinco anos, caixinhas de fósforo presas por um fio eram a sua maneira de se divertir e de se comunicar. Sessenta anos depois, a comunicação ainda é o seu mundo

Por Fabiane De Carli Tedesco
Colaboração: Gesélio Catalan


No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, o Jornal Sul Brasil encontrou uma figura que faz história nas ondas do rádio. Ivo Mendez, mais conhecido como Marquinhos, é um comunicador que teve o seu início ainda na Ditadura Militar, no ano de 1976. Além de comunicador/radialista, Marquinhos foi artista de circo, faz mapa astral, é inventor – tendo recebido o apelido de Professor Pardal –, cantor e eletrônico formado. De quando em quando, ele ainda sai pelas ruas de Chapecó vestido de palhaço, munido de seu violão italiano ornado de rosas.
Nascido “no dia em que a beleza entrou em férias”, como diz, em 11 de setembro de 1947, na cidade de Abelardo Luz (SC), aos cinco anos já se comunicava com os amigos à distância, por meio de caixinhas de fósforo presas por um fio. Ele não sabia que o rádio existia – só soube aos 11, 12 anos –, mas já conhecia a música. O apreço pela música o segue até hoje, já que Marquinhos é um grande admirador da música clássica, sentimental e italiana, sendo que o sertanejo de raiz tem um canto especial na sua vida. São músicas que ele busca no fundo do baú, surpreendendo ouvintes e colegas de profissão.
Em casa, Marquinhos guarda uma coleção de 800 discos de vinil e um Fusca 1976 – ano que marcou a sua estreia no rádio. Ao falar em carro, ele lembra de um acidente que quase tirou a sua vida e resume: “Nasci de novo”. Conhecido por ajudar as pessoas, Marquinhos acredita que é importante fazer o bem sem esperar recompensas. “A maior recompensa é ser feliz”, comenta. A voz calma e aveludada ainda ganha as ondas do rádio 37 anos depois, misturada às notícias que também compõem o seu “Show da Noite”.
Durante os quase 40 anos de rádio, Marquinhos já sentiu o poder da crítica e da incompreensão. Momentos em que o elogio não chegou, ferindo o que ele chama de “ego profissional”. “Tem sempre uns amigos da onça que não querem ver o seu triunfo e que invejam o seu carisma. Quando você recebe um ‘não’ como resposta, isso mancha o seu dia. Mas eu confio no meu talento e sempre digo: ‘se a sua estrela não brilha, não tente apagar a minha’”.
Nos tempos de ditadura, o comunicador diz que jogou limpo. “Sempre fui claro e agi sem medo das consequências. Já tratei de assuntos polêmicos, mas sempre com educação, agindo dentro da legalidade.” Na comunicação, trabalhou com televisão e também com jornal impresso, onde fazia reportagens, mas foi no rádio que encontrou o seu lugar ao sol. Ao longo dos 37 anos de rádio, percebeu o quanto a tecnologia mudou dentro e fora dos estúdios. Os discos de vinil e as fitas K7 deram lugar aos CDs e aos disquetes, que mais tarde foram também substituídos.
Aposentado, o comunicador não consegue se desvencilhar do rádio. “O rádio é a minha vida. É isso: o rádio, para mim, representa a vida.” O segredo para permanecer no ar por tanto tempo? “Carisma. O público gosta de alegria, gosta de quem sorri e de quem o faz sorrir. Isso, não tem dinheiro que pague.” A alegria o acompanha desde a sua estreia no rádio, quando apareceu em uma emissora, meio palhaço, meio cantor, para se apresentar para mais de 600 pessoas. “Eu não tinha um vozeirão, mas o dono do rádio gostou de mim e pediu para que eu voltasse.” Cantou músicas espanholas, pouco conhecidas pelo público chapecoense, e músicas italianas. Trinta e sete anos depois, Marquinhos ainda encanta milhares de ouvintes. “Não gosto de falar do meu trabalho; prefiro que as pessoas vejam (ou no caso ouçam) por si mesmas.”

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cia ContaCausos no Radar


Cia ContaCausos de malas prontas

Apresentações em São Paulo fazem parte da agenda da companhia chapecoense, que procura fortalecer a identidade regional por meio da contação de histórias

Por Fabiane De Carli Tedesco


Foi no blog da Cia ContaCausos (www.contacausos.com.br) que um convite inesperado surgiu: se apresentar em São Paulo, no Serviço Social do Comércio – Sesc Itaquera. Assim, a Cia ContaCausos está de malas prontas, com viagem marcada para esta sexta-feira, dia 3 de maio. Até o dia 11 de maio, a Cia ContaCausos se apresenta na cidade que é uma das maiores do mundo.
É a primeira vez que a companhia sai do Sul do Brasil. Tudo isso graças ao blog, que serve para mostrar o trabalho dos membros da ContaCausos, recebendo semanalmente 1.500 acessos. São 10 apresentações de dois espetáculos: “Esticando as Canelas” e “Tem Coroa, mas não é Rei!”. Além das apresentações no Sesc Itaquera, a ContaCausos faz outras duas apresentações de “Tem Coroa, mas não é Rei!” no evento Virada Sustentável, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), domingo, dia 5 de maio.
A ContaCausos é composta por diversas pessoas. Entre elas, Mariane Kerbes, que toca gaita em um dos espetáculos; Lucas Cruz, da Doss Propaganda, que cuida da identidade da companhia; Marcos Batista Schuh, responsável pelo cenário; e Josiane Geroldi, contadora de histórias.
Josiane conta que se apresentar em São Paulo representa uma conquista, que casa com a maior intenção da companhia: fazer com que um maior número de pessoas conheça as histórias que movem a ContaCausos. “Ir para São Paulo é um passo a mais”, comenta. Do mesmo modo que aconteceu em Porto Alegre após algumas apresentações da companhia, Josiane espera que convites para outros festivais apareçam a partir das apresentações em São Paulo.
Desde o ano de 2005, Josiane conta histórias, mas foi em 2010 que nasceu a ContaCausos, com a finalidade de agregar pessoas com o mesmo direcionamento. Para ela, Chapecó é fonte de ótimas histórias. “Aqui, há muitas narrativas a serem resgatadas, há um grande patrimônio regional. Pretendemos fortalecer a identidade da região, a exemplo do que acontece no Nordeste. Daqui, podemos levar o nosso trabalho para outros lugares, em um movimento de dentro para fora”, revela. 

Fotos: Mariane Kerbes

terça-feira, 23 de abril de 2013

Bolos no Radar


Parecem de verdade, mas não são!

Bolos cenográficos são opção para quem quer incrementar festas de diferentes motivos 

Por Fabiane De Carli Tedesco



Artesãos de Chapecó tiveram uma ideia diferente para incrementar festas. Embora tenham outras atividades, eles resolveram dar início à Ki Bolo - Bolos Cenográficos Personalizados a partir da dificuldade em encontrar um bolo cenográfico para uma festa de aniversário. Assim, surgia a ideia que deu origem à Ki Bolo.
O processo de produção é totalmente artesanal, feito de acordo com a necessidade do cliente. Tudo pode ser personalizado, conforme o perfil do evento. São bolos que parecem de verdade, feitos de biscuit, material também conhecido como porcelana fria. A escolha do material se deu pela sua resistência, adquirida depois da secagem completa.
A intenção dos artesãos é desenvolver e confeccionar bolos cenográficos, suprindo um mercado tão carente em Chapecó. Para eles, fazer isto de forma totalmente personalizada é essencial. Isto garante que o trabalho oferecido seja realmente especial. Os chapecoenses têm recebido muito bem esta ideia, já que o casal de artesãos não esperava por tanta procura.
Para divulgar os bolos cenográficos, utilizam o Facebook. Os modelos, disponíveis a pronta entrega, estão expostos na rede, para venda ou locação. Super-heróis, personagens de desenhos animados, seres fantásticos e elementos clássicos fazem a graça dos bolos, conhecidos pelo toque único de personalidade. 


Serviço
Telefones para contato:
(49) 8409-8362 e (49) 8413-8352
E-mail:
bolocenograficos@gmail.com

segunda-feira, 15 de abril de 2013

"Magus": um espetáculo de magia e comédia

A nova peça da Cia de la Curva une mágicas de salão e a linguagem clown, fazendo rir do início ao fim

Por Fabiane De Carli Tedesco



As cortinas se abrem e, no palco, duas figuras opostas como a água e o vinho misturam-se. Marri é humilde, brincalhona e espontânea. ChamPingnon é arrogante, sério e preocupado com a opinião da plateia. Os opostos compõem a peça "Magus", da Cia de la Curva, apresentada na sexta-feira, dia 12 de abril, no Serviço Social do Comércio (Sesc).
Manon Alves, que interpreta a doce Marri, conta que a peça teve o seu primeiro lampejo no ano passado, mas foi em janeiro de 2013 que ela e o esposo Fernando Perri, o ChamPingnon, se dedicaram integralmente à elaboração de "Magus". Neste mês de abril, a peça foi apresentada ao público, que delirou com a mistura entre a mágica (ou seria magia?) e o clown. Um espetáculo de mágica cômica, no qual Manon e Fernando são os criadores e os atores, que se filmam e se autodirigem.
Improviso e interação com os espectadores são elementos que podem ser encontrados em "Magus" que, na visão de Manon, brinca com o lado narciso do mágico. "O mágico tradicional tem aquele ar narciso, é aquele que nunca erra." Na peça, ChamPingnon, para ter a sua Marri de volta, desce do trono e se ajoelha, admitindo o erro. Marri, sempre submissa, tem o seu momento mais marcante quando inverte a situação, estendida por quase toda a peça.
O espetáculo, de mágicas de salão não reveladas, pende à magia. Perri revela que um ambiente mágico é criado, fundindo-se à linguagem clown, à linguagem do absurdo. É um espetáculo de bordões como o "é bom" de Marri. Ela, assim como ChamPingnon, fala em um francês meio misturado algumas inverdades divertidas ao longo dos 60 minutos de peça, de boas risadas e encantamento. Para se ver sozinho, em dupla ou em família, "Magus" terá a sua próxima apresentação no dia 12 de maio.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Para quem tem a ferrugem do jipe no sangue

O jipe, considerado herói da Segunda Guerra Mundial, é o que move mais de 30 pessoas que fazem parte do Caçalama OFF-ROAD

Por Fabiane De Carli Tedesco

Eles nem sempre são compreendidos, já que a paixão pelo jipe inclui garagens sujas de graxa e de óleo, além de gastos com manutenção e acessórios. Barulhentos, os jipes ocupam espaço, não só nas garagens como nos corações dos jipeiros, que hoje, dia 4 de abril, comemoram o Dia do Jipeiro - uma alusão direta ao fato dos jipes terem tração 4x4.
Em Chapecó, há um grupo de incompreendidos. São mais de 30 pessoas que encontraram um lugar de expressão deste estilo de vida: o Caçalama OFF-ROAD. Para elas, a estrada começa quando a da maioria das pessoas termina. O jipe, para os membros do Caçalama, são especiais, tanto para o trabalho, quanto para o lazer. Ele foi considerado o herói da Segunda Guerra Mundial por conta do seu emprego militar, que o fez conhecido no mundo todo.
Os jipeiros do Caçalama aproveitam a data para concretizar um sonho antigo: a sede própria. Por meio da doação do espaço pelo empresário e amigo Darci Rodrigues, a sede será realidade em breve. Um lugar para festividades, encontros e reuniões, que fica na saída do Bairro Santo Antônio. Neste dia 4 de abril, o Caçalama sairá em carreata às 18h30 do Jornal Sul Brasil. Passará pela Avenida Getúlio Vargas com destino ao Bairro Santo Antônio para uma confraternização.
José Figueira da Silva, conhecido como Nene do Jipe, 51 anos, é um jipeiro há 28 anos. José, que logo será avô, tem até uma mecânica especializada em jipes. Além de jipeiro e presidente do Caçalama, Nene é motoqueiro e trilheiro. A sensação de dirigir um jipe muda conforme o terreno. Sensação que é compartilhada pela esposa, parceira das aventuras de jipeiro. "É preciso ter a ferrugem do jipe no sangue", comenta.
O casal Daniella Ivone Schneider e Flavio Kucharski também é parceiro de aventuras. Para Flavio, o jipe representa o inesperado. "Nunca se sabe o que vai acontecer." O amigo Nene diz que, para muitos, andar de jipe é sinônimo de desafiar o perigo, mas esta não é a ideia defendida por Flavio. "Não queremos por a vida em risco", conta. A esposa Daniella complementa: "não há a intenção de estragar o carro, nem a natureza, já que, por onde passamos, procuramos não jogar lixo."
O Caçalama é uma entidade que não visa o lucro, ou seja, é filantrópica. Doa cestas básicas e brinquedos, participa da Maratona da Solidariedade e dos desfiles do Dia da Independência. Recebe outros grupos que participam de eventos de jipeiros em Chapecó, assim como participa de eventos em diversas cidades do Sul do Brasil. Agora, se prepara para uma importante viagem, pois em breve participará com 10 carros da Festa Nacional do Jeep (Fenajeep), que acontece na cidade catarinense de Brusque.  

"Minha mulher me disse: 'eu ou seu jipe.' Tenho saudades dela."

quinta-feira, 28 de março de 2013

El Toron lança vídeo de divulgação

"Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas, por um triz não sou uma bruxa." (Martha Medeiros)

Por Fabiane De Carli Tedesco


Pimenta. Esta é a matéria-prima do El Toron Produtos Artesanais, uma ideia do casal Manu Benvenutti e Thiago Scussiato Merlo que ganhou o mundo real. "A pimenta sempre foi um item presente na cozinha. Desde muito cedo observava o meu avô fazer conservas. Com o passar do tempo, comecei a cozinhar e a fazer conservas também. No princípio, elas eram dadas como presente aos amigos e conhecidos", conta Merlo.
O aprimoramento das receitas e as novas criações fizeram com os molhos começassem a ter uma demanda maior. "Nesta fase, entrou uma designer em minha vida (Manu). A partir daí foi um caminho sem volta. Ela ficou empolgada com a história e os estudos da marca começaram, chegando ao resultado atual."
A designer procurou passar, por meio do símbolo criado, as características que Merlo queria e elementos que ele observava em outras marcas de molho de pimenta. "A marca tinha que representá-lo, pois os molhos de pimenta são produzidos de uma maneira bem pessoal. As cores e as formas representam o México, com as suas touradas e a sua 'Lucha Libre'. Foi feita uma pesquisa dos dois temas. Com as referências, consegui definir também a tipografia: letras bastante utilizadas em cartazes de festas mexicanas", revela Manu.
Como Touro é o signo do namorado, ela lembrou deste fato na hora de definir um símbolo. "Queríamos que fosse marcante, forte, que chamasse a atenção, tivesse até um lado bem-humorado, alegre e com um toque 'caseiro'. O nome surgiu também da observação e do estudo das referências. Foi em um insight que eu visualizei o El Toron e um touro como símbolo. Só precisei lapidar a ideia com os outros elementos."
Após um tempo de observação no final do ano passado, no início do ano de 2013 surgia definitivamente o El Toron. "Fiz uma surpresa e apresentei a proposta formalmente. Expliquei todo o conceito e, de primeira, definimos que esta seria a marca do El Toron. Depois disso, fomos pensando em embalagens, em rótulo e em aplicações. Criamos a fan page e estamos trabalhando bastante agora, tentando manter as pessoas atualizadas e procurando conteúdo."
Segundo a designer, a marca El Toron Produtos Artesanais surge como um selo para produtos feitos artesanalmente e com produção limitada. A intenção é fabricar produtos naturais, sem adição de conservantes, corantes ou qualquer tipo de produtos químicos. "Começamos com molhos de pimenta e em breve estarão à venda os licores de limão siciliano feitos pelo Sr. Fermino Merlo."
No dia 27 de março, El Toron lançou um vídeo na internet. Nele, o movimento da elaboração dos molhos é representado com a magia própria da arte. Produzido pela Sombrero Filmes, o vídeo está no endereço: http://vimeo.com/62718052

Carpindo um Lote e El Toron

El Toron é considerado pelos seus criadores como um movimento, assim como o Carpindo um Lote, que ganhou reportagem de capa recentemente no Jornal Sul Brasil. Para o casal, os dois movimentos andam lado a lado. "A harmonia e o envolvimento entre os integrantes acabam resultando em uma fábrica de ideias. Alguns molhos já saíram da panela e foram direto para a horta para degustação." Dessa forma, puderam colher opiniões e decidir o que seria produzido.

Molhos oferecidos

1- Doce com Alho;
2- Doce com Gengibre;
3- Tomates Picantes;
4- Leite de Coco.

Onde comprar

As encomendas podem ser feitas pelo email: eltoronprodutosartesanais@gmail.com ou pela página do Facebook: https://www.facebook.com/pages/El-Toron-Produtos-Artesanais/140619832763049
O prazo de entrega é de 15 dias.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Recorte de jornal


Vídeo de divulgação do El Toron


Pelo hábito de consumir cultura

Este é um dos propósitos da ACATE, que hoje realiza mais um Teatro em Debate

Por Fabiane De Carli Tedesco


Hoje, Dia Internacional do Teatro e do Circo, acontece o Teatro em Debate, evento que teve início no ano de 2002, cuja intenção é discutir o tema e elaborar documentos voltados à conquista de espaço do teatro em Chapecó. Realizado pela Associação Chapecoense dos Artistas e Grupos de Teatro (ACATE), o Teatro em Debate acontece a partir das 19h30, na Sala Eli Camargo, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes.
Com o tema “Situação atual do teatro em Chapecó: atualidade, desafios e perspectivas”, o debate é uma forma de lembrar as autoridades que o teatro ainda está longe de um cenário ideal. “Queremos unir mais forças para continuarmos buscando o crescimento. Não somente do teatro, mas das artes em geral. Sabemos que quando conquistamos um direito, ele não beneficia somente o teatro: a conquista se multiplica para outras áreas artísticas”, explica o presidente da ACATE, Tarcisio Brighenti. Ele diz que este ano a ACATE conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura.
Conforme ele, o evento sempre promove uma discussão sobre a situação do teatro em Chapecó, ampliando as ações. Uma das ações de grande importância para a associação é o Festival de Teatro de Chapecó – sonhado durante muitos e muitos anos. Em 2009, a ACATE recebeu apoio da então Fundação Cultural de Chapecó, hoje Secretaria Municipal de Cultura. “O Festival de Teatro é uma ocasião de aprendizado, de troca”, lembra o presidente.
Entretanto, mais precisa ser feito em termos de fomento do teatro em Chapecó. “Temos dificuldade na circulação dos trabalhos, na montagem dos espetáculos e na formação da plateia. Não há um público cativo em Chapecó. Queremos implantar o hábito de assistir peças de teatro na cidade, fazer com que as pessoas, assim como consomem tantos bens materiais, consumam também a cultura.”
Fazem parte da ACATE cinco companhias teatrais. Todas elas sentem falta de um teatro, um lugar próprio para as apresentações. O Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes, por exemplo, tem uma estrutura que não condiz com a estrutura dos grupos, já que o teatro possui mil lugares. No Serviço Social do Comércio (Sesc), embora não seja ideal, o espaço é mais adequado às companhias. “Porém, a nossa luta maior é a conquista de um espaço específico em Chapecó, para ensaios, apresentações, reuniões e oficinas.”

O Teatro em Chapecó

Muitos grupos teatrais iniciaram na década de 1980 em Chapecó. Eles nasceram dentro de grandes indústrias, como a Sadia, a Aurora, a Alfa e a Chapecó Alimentos. Mas, na década de 1950, grupos já passavam pela cidade, deixando boas lembranças na memória dos antigos. Além disso, o teatro de igreja sempre existiu na Capital do Oeste, especialmente nas décadas de 1940 e 1950.

Sobre o chocolate

O cheiro de chocolate invade o ar, em um cantinho adocicado da Nereu Ramos. Uma loja de doces artesanais que aposta no chocolate em todas as épocas do ano, na personalização e no toque familiar. Vovó Mônica fazia guloseimas para a família, até que decidiu se tornar uma doceira empresária. Para as datas especiais como a Páscoa, faz doces temáticos, cheios de sabor e imaginação. Nas panificadoras, a Páscoa está em biscoitos e colombas de encher os olhos. As delícias dispostas nesses ambientes serviram de pauta para a reportagem "O lado artesanal da Páscoa", que dá sabor à edição de hoje do Jornal Sul Brasil. São bombons, trufas e ovos que nos lembram a infância, no tempo em que esperávamos o Coelho da Páscoa ansiosamente. Uma época de boas lembranças para muitos, sem dúvidas. O chocolate é acolhedor, difícil de não ser apreciado pelas pessoas. Ao leite, amargo ou meio amargo, ele acompanha datas especiais e aproxima as pessoas. Em cada barra, mora um prazer absoluto, desejado em todos os dias do ano.

O lado artesanal da Páscoa

Loja de doces artesanais aposta no chocolate como presente em todas as épocas do ano

Por Fabiane De Carli Tedesco


A Páscoa está chegando e com ela as delícias artesanais que fazem da data ainda mais doce. Nas panificadoras, é hora de botar a mão na massa, já que os pedidos aumentam neste período que antecede a Páscoa. Em uma panificadora da cidade, biscoitos e colombas pascais estão sendo produzidos desde o início do mês de fevereiro, mas é agora que a procura aumenta, segundo a gerente Maribel Benin.
Para ela, as guloseimas de Páscoa são ótimas para presentear nesta data, até porque são super decoradas, levando um toque artesanal. Os biscoitos, por exemplo, feitos com manteiga e nata, são decorados um a um, recebendo pintura manual.
Os doces artesanais também são vistos como uma boa pedida pelas proprietárias de um cantinho adocicado da Nereu Ramos. Tanto que perceberam a prosperidade financeira deste nicho. Izadora Reche, neta de Mônica – proprietária do espaço, lembra que a avó fazia os doces artesanais para a família antes de se tornar uma doceira empresária, ao lado da filha Claudia. “Como a gente sabia fazer os chocolates artesanais e não há quem não goste de chocolate, achamos que este seria um bom negócio. Estávamos certas”, comenta Izadora.
O negócio familiar tem tudo a ver com a Páscoa, já que oferece bombons, trufas e ovos, podendo ser personalizados. A loja, com fabricação própria, abriu as portas há um mês e meio. As moças da Família Reche compram chocolates de marcas famosas e os transformam em delícias artesanais muito bem recebidas pelos chapecoenses. Elas montam cestas, fazem ovos trufados e mesclam chocolates, ao gosto dos clientes.
Em datas especiais como a Páscoa, o Dia das Mães, o Dia dos Namorados e o Natal, fazem um trabalho temático. “O chocolate artesanal é mais interessante. Bem mais do que as barras-padrão”, opina Izadora. Mas ela acredita que o chocolate faz parte de um processo contínuo, cuja produção deve acontecer em todos os períodos do ano, ou seja, ele não tem época específica: todas as épocas são próprias para o chocolate. “O chocolate é um ótimo presente, não somente nas datas em que ele é símbolo”, finaliza.

"O Mundo Mágico do Circo" em visitação no MHAC

Mostra apresenta a vida do circo mambembe em Santa Catarina

Por Fabiane De Carli Tedesco


A magia do circo não está apenas debaixo da lona, mas também no museu. Isso porque iniciou recentemente a exposição "A Imagem e a Relação com a Sociedade – O Mundo Mágico do Circo", no Espaço Comunidade do Museu de História e Arte de Chapecó (MHAC). Iniciativa da Secretaria de Cultura, por meio da Gerência de Patrimônio Histórico e Memória, a mostra permanece até o dia 28 de março, um dia depois do Dia do Circo.
A exposição surgiu de um vídeo-documentário de 15 minutos, gravado na bitola VHS em diversos municípios de Santa Catarina, e apresenta a vida do circo mambembe no Estado. Com argumento e roteiro de Carmem Fossari, do Departamento Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o trabalho conquistou os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Direção no I Festival Nacional de Vídeo de Gravatal (SC).
A mostra "O Mundo Mágico do Circo" reúne também os trabalhos do fotógrafo Marcio Henrique Martins, expostos em 10 banners com imagens cotidianas de um circo mambembe. O horário de visitação é das 8h30min às 11h15min e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Vida de circo

Ele nasceu no circo e faz parte da única família circense de Chapecó. José Clóvis de Almeida, ou Palhaço Carequinha, comanda a Companhia de Circo Roialy Show, além de ser coordenador da Escola de Circo da Kirka - o Som das Árvores. Apresenta o seu trabalho em escolas e eventos da prefeitura, dá aulas para crianças interessadas em aprender números do circo e percorre diversos lugares com a companhia levando a magia circense.
São 36 alunos que absorvem na Kirka a sabedoria de Carequinha, que há três anos iniciou as aulas na organização. O ensaio da família começa todos os dias às 6h e vai até 8h. Depois, é a vez dos alunos ensaiarem na Kirka, onde Carequinha e a família moram. "Tem que ser cedo, porque de manhãzinha a mente está limpa", explica.
A vida é boa no circo, mas, às vezes tem o seu lado tirano. "Quando estamos fazendo amizade, temos que ir embora", conta. Em novembro de 1991, Carequinha sentiu ainda mais a tirania do riso. Após um acidente de carro, sua mãe faleceu. Carequinha teve que subir no palco mesmo assim, já que o show tem que continuar. "O acidente foi em União da Vitória (PR). Minha mãe morreu no circo. Eu subi no palco mesmo triste, chorando, mas foi uma das poucas vezes que estive assim", comenta o palhaço, sempre alegre e otimista.
Aos 46 anos, ele já é avô. Uma de suas netas, Mirelle, se prepara para entrar no circo, assim que completar quatro anos. Ela fará parte da quarta geração no mundo mágico do circo, a exemplo de seu primo, que aos cinco anos já é palhaço. A família Almeida colocou os pés neste mundo mágico em um tempo em que o circo era a maior novidade onde quer que chegasse. "Era uma coisa de outro mundo", resume. Os pais aprenderam o que ensinaram para Carequinha com o dono do Circo Bolinha. Assim, criaram o Circo di Monaco, em um terreno do Bairro Bela Vista, em Chapecó.
Próprio para toda a família, o circo, segundo Carequinha - antigamente conhecido como Palhaço Pirilampo -, é a diversão mais antiga do mundo. Os números são passados de pai para filho, mas sempre inovando nos truques, para não caírem na mesmice. Afinal, uma das poucas coisas rotineiras na vida de circo é a viagem. E quem disse que Carequinha aguentou a vida pacata de um trabalhador tradicional? Uma vez, em Porto Alegre (PR), trabalhou em uma gráfica, formalmente, cumprindo horário e batendo ponto. Resultado: oito meses depois, ele já dava adeus à vida de operário padrão.
Clóvis (ou Carequinha) não quer nem pensar em abandonar a vida mambembe." A vida no circo é muito boa. A gente trabalha se divertindo. A maior alegria do palhaço é ver a plateia rindo. Não troco a vida no circo por nada neste mundo." 

sexta-feira, 22 de março de 2013

A relíquia da Família Basso

O Ford Coupe da década de 1940 é um dos carros que estão em exposição no Parque Rovilho Bortoluzzi, em Xanxerê

Por Fabiane De Carli Tedesco


O ronco do motor já dizia tudo: o carro que saía da garagem esbanja potência. Logo, a relíquia da Família Basso ganhava a luz do sol. O Ford Coupe da década de 1940, laranja de época, conhecido como barata, é o xodó do dentista Ricardo Basso. O apreço é compartilhado por toda a família, principalmente pelos filhos Lucas e Brenda.
Há sete anos, Ricardo comprou o Ford. Ele foi todo reformado e, o que antes era uma lata velha, como conta Ricardo, hoje é uma joia rara que os filhos aprenderam a dar valor. Ricardo adquiriu o gosto pelos carros com o seu avô, Amélio Betollo. "Ele foi a primeira pessoa a comprar um automóvel na cidade de Erval Grande (RS), na década de 1930, 1940."
O apaixonado acredita que o desejo de consertar carros antigos se expandiu na década de 2000, por conta dos programas transmitidos pela TV a cabo. Uma cultura norte-americana, absorvida pelo Brasil, que reúne admiradores de todos os lugares. A exemplo do que acontece neste final de semana em Xanxerê: a quinta edição do Encontro de Carros Antigos, Caminhões, Bicicletas e Antiguidades do Veteran Car Clube daquela cidade. Ricardo já confirmou que vai levar o seu Ford.
Os carros antigos demandam investimento e, quando são reformados, não são comumente vistos pelas ruas sem que haja uma intenção maior. E são nesses eventos que carros como o Ford Coupe dão o ar da graça. A sensação de andar em um é inexplicável, segundo Ricardo. "Tem que entrar e sentir, é impossível transmitir a sensação. É um prazer enorme rodar com um carro da década de 1940."
Quando Ricardo roda com ele, o Ford para o trânsito e quase causa acidentes. O carro sempre é fotografado, as pessoas querem saber mais sobre ele e até fazem propostas. Porém, Ricardo não quer nem saber de se desfazer da relíquia. "Já disse para os meus filhos que, se um dia precisarem vender alguma coisa, não vendam o carro."

O encontro

A quinta edição do Encontro de Carros Antigos, Caminhões, Bicicletas e Antiguidades do Veteran Car Clube de Xanxerê acontece nos dias 23 e 24 de março, no Parque de Exposições Rovilho Bortoluzzi. Há uma área coberta para 180 veículos, restaurante, mercado de pulgas, área para acampamento, transporte gratuito aos expositores para o Centro, premiações e entrega de certificados. Entre as atrações, um Cadillac conversível que promete arrancar suspiros do público.
Organizador do evento, Jair Tacca Júnior comenta que fazem parte do encontro clubes de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e da Argentina. Com entrada gratuita ao público, o encontro tem expectativa de reunir um número superior a cinco mil pessoas e mais de 300 veículos, a exemplo do evento anterior.
Jair aprendeu com o pai a gostar de carros. Seu pai tinha um Ford Maverick, que o inspirou a seguir pelo caminho dos carros antigos. "Desde moleque tenho esta paixão e até hoje sou apaixonado pelos carros antigos."

quarta-feira, 20 de março de 2013

Cores, formas e sons de um ofício antigo

Há 23 anos, Enólia Maria Pereira usa o vidro como matéria-prima de sua arte

Fabiane De Carli Tedesco


Eles constroem sonhos com as próprias mãos, com a cabeça e com o coração. Artesãos (ou poderiam ser chamados de artistas?) fazem parte da história da humanidade há muitos séculos, sendo que os primeiros surgiram no período neolítico (6.000 a.C), na época em que o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras animais e vegetais. Ontem, dia 19 de março, foi dia de comemoração para os artesãos, já que era o Dia Nacional do Artesão.
Na Rua Barão do Rio Branco, encontramos uma pessoa que vive do artesanato há 23 anos: Enólia Maria Pereira. Ali, é o seu ateliê e a sua galeria. A matéria-prima escolhida, o vidro, é moldada por Enólia com criatividade. Suas peças, de formas inusitadas e cores vibrantes, são muito bem recebidas não só aqui, como em diversas outras cidades brasileiras.
A arte de dona Enólia é decorativa e também utilitária. Cada peça possui um significado. A escolha do vidro se deu porque em Chapecó, na época em que Enólia começou, ainda não existia ninguém que trabalhasse com o material. “Quis trazer esta ideia para Chapecó para enriquecer as obras dos arquitetos”, conta. Formada em desenho artístico e em decoração de interiores, Enólia dá sentido às portas e aos espelhos, aderindo aos mais diferentes estilos, do clássico ao moderno.
Nascida em Guaporé (RS), Enólia está em Chapecó há mais de 40 anos. “Já me sinto chapecoense. Sou chapecoense de coração e de alma.” Ela já criou muitas técnicas e diz que cada peça é única, já que procura não fazer o mesmo sempre. Se dedica à milenar técnica do jato de areia e à técnica da fusão de vidros, utilizando um forno de alta temperatura. É com o calor que a arte de Enólia ganha forma e cor.
Dos vidros que sobram das vidraçarias, nascem peças cheias de personalidade e de misticismo, a exemplo das mandalas, carregadas de simbologias, como a flor de lótus, considerada sagrada no oriente. Algumas levam o Olho de Órus, outras o espetro solar. Experiências religiosas e de vida, encontradas nos objetos que, quando se chocam, produzem sons que se unem às cores e às formas, em uma harmonia que perpetua o sentido da arte.

“A arte nos traz coisas belas, fascinantes, atordoantes, maravilhosas. É para isso que existe.” (Ferreira Gullar)

Dias bons

Na revista

segunda-feira, 18 de março de 2013

Se carrega a minha semente há de ser o meu mundo

Em um domingo nublado, em um lado da cidade, alguns se alimentavam da rapidez das grandes corporações; do outro lado, outros cultivavam pacientemente uma horta regada de utopias

Fabiane De Carli Tedesco


Uma horta nasce das utopias, dos achismos caboclos e das pesquisas em filmes e livros, como o Manual do Arquiteto Descalço, que deixou de ocupar a estante para ocupar a cabeça de 15 pessoas que compõem o Carpindo um Lote, projeto de agricultura urbana surgido em janeiro de 2013. Entre elas, o arquiteto Thiago Scussiato Merlo, filho de agricultores que trabalhou na terra até os 11 anos. "Plantei muito canteiro e este é o meu retorno", revela. "Volto às raízes 22 anos depois. Volto a brincar no mato, a brincar na terra."
O projeto foge da instrução programada do vídeo game, lembrando como é bom mexer na terra, tomar banho de chuva e sair do apartamento, como conta um dos membros do Carpindo um Lote, o tatuador Adnilson Rafael Telles. É no quintal de casa, que a horta ganhou vida. Dar valor ao que se faz com as próprias mãos e aos temperos colhidos na hora é o que move outro membro do grupo, o publicitário Sérgio Franco, que já ensina o filho Lucas Franco sobre o valor da terra. Ao lado dos amigos, Sérgio se lança em um esforço vegetariano, já que, nas palavras de Adnilson, a cada escolha pela carne, um prego a mais no caixão.
Com as mãos na terra surgem descobertas, verdadeiros presentes de Deus. Descobertas e presentes que não estão nas prateleiras dos supermercados, mas que são ricos em vitaminas e podem ser transformados em chás, receitas e remédios naturais, como lembra a professora Fernanda Schnorr Grando. Entre os encontros dos amigos na horta, surgiu uma ideia: El Toron, marca de molho de pimenta criada pela designer Manu Benvenutti, que também se rendeu aos prazeres da horta.
O grupo de amigos, formado por profissionais de áreas distintas, entende o Carpindo um Lote como "muito mais do que uma ação de fazer canteiros, plantar e colher", como diz Juliane Franco, formada em matemática, física e psicologia transpessoal. "É um movimento com ideologia 'anarco-libertária', que tem relação com saúde, sustentabilidade, autonomia, resistência às corporações e até espiritualidade."
Para ela, as mudanças só acontecem a partir da nossa vontade aliada à ação. "Como um grupo de amigos que gosta de se reunir para conversar, cozinhar e comer, sempre nos preocupamos com a qualidade do que consumimos. Estamos nos vendo em um mundo cercado por agrotóxicos e alimentos aditivados e artificiais, sem preocupação nutricional, voltado ao consumo excessivo de tudo e que muitas vezes nos adoecem ao invés de nutrir." Assim, o movimento partiu do desejo de mudança.
"Enquanto ninguém começar, nada acontece e continuaremos sempre nas mãos de multinacionais alimentícias, que se apossaram do que é mais valioso para a humanidade: as sementes. Se todo mundo cultivasse algo no seu quintal ou em um terreno baldio próximo, muita coisa seria diferente. A conexão com a terra faz muito bem, as pessoas se distanciaram disso, muitas já nem se dão conta de qual estação do ano estão. O plantio nos faz observar as fases da lua, como está o clima e o que se come em cada época do ano. Tudo isso nos faz mais saudáveis. E, de 'brinde', se ganha a convivência com os amigos."
Difundir esta ideia na internet pode ser interessante para mostrar para esta geração que há mundo além das grandes corporações. "Queremos mostrar para as pessoas que não é difícil cultivar o que comemos. Aliás, é muito agradável poder colher e colocar o alimento na mesa. Criamos a fan page para documentar os nossos passos, os nossos erros e os nossos acertos. Queremos estimular que outros sigam o nosso exemplo."

"Vá carpir um lote!"

Conheça o Carpindo um Lote <https://www.facebook.com/CarpindoUmLote>, página com ideias sobre agricultura urbana, com tudo para quem quiser iniciar uma horta ou mantê-la. Em bom Catarinês, "vá carpir um lote!"

Sessenta segundos de emoção

O sinal fica vermelho: hora de Romarinho mostrar todo o seu dom para driblar as dificuldades

Fabiane De Carli Tedesco


Romarinho pode ser visto facilmente entre a São Pedro e a Getúlio Vargas, principalmente nos finais de tarde. Vestido de amarelo, com uma bola de futebol, Romarinho ganha a vida como artista de rua. O seu palco é o asfalto. Quando o sinal fica vermelho, Romarinho começa o seu show de 60 segundos. Quando o sinal fica verde, é hora de se preparar para a próxima apresentação.
David Pires, mais conhecido como Romarinho, tem 32 anos e trabalha nas ruas há sete. Ele nasceu na cidade paranaense de Guaraniaçu e viveu a maior parte do tempo em Blumenau. Mas a casa de Romarinho é mesmo o mundo. Depois que um amigo falou da sua habilidade com a bola, Romarinho passou a apostar mais em si mesmo. Foi assim que partiu para a estrada.
Ele jogava futebol de salão pelo Malwee e também participou do Jogo das Estrelas, ajudando Santa Catarina no período das grandes enchentes. Amigo de Falcão e Neymar, como conta, Romarinho trabalha 12 horas por dia. "Não tenho renda fixa e muitas vezes dependo de como está o tempo para trabalhar." Chuva e vento forte impossibilitam o show de Romarinho, que também se machuca por conta do número, um tanto arriscado. Uma vez, em Jaraguá do Sul (SC), estava no semáforo no momento da uma fuga. "O bandido estava fugindo da polícia e eu me joguei para o lado para o carro não me atingir."
O que ganha é transformado em comida, diárias e viagens. Há pouco tempo, ele deu adeus às diárias de hotel, já que alugou um quarto na pensão de Dona Sula. A sua forma de vida é respeitada em Chapecó. "Não tenho do que reclamar do povo chapecoense. As pessoas são simpáticas, o que não acontece em todos os lugares."
Obviamente, em algumas ocasiões, sente o preconceito. "É importante que as pessoas entendam que este é o meu trabalho e tenho contas para pagar, como todo mundo." E o cansaço às vezes chega. "Só eu sei o que é cansaço. O cansaço que sinto é destruidor." O artista deixa claro que não tem vícios, ao contrário do que muitos possam pensar. Nem bebida, nem cigarro, nem outras drogas. "Se usasse algo, não iria aguentar fazer o que faço."
Romarinho ganhou o apelido de um de seus técnicos que achou o estilo dele parecido com o do craque. Outra semelhança é a altura: os dois são baixinhos. O baixinho dos semáforos, que dribla as dificuldades com o melhor jeito brasileiro, ou seja, com bom humor, levou embaixadinhas e malabarismos para diversos estados do Brasil. Também esteve na Argentina, Chile e Paraguai. Agora já planeja uma viagem para a Bolívia e, no inverno, pretende estar no Nordeste brasileiro, para fugir do frio.
Ele ainda não encontrou o seu momento de parar e sente muita satisfação em trabalhar como artista de rua. "Ganhei o dom e gosto do que faço. A melhor coisa é ver a alegria do povo que  reconhece a minha habilidade. Mas, com muita luta, se Deus quiser, pretendo ser empresário, ter um salão de beleza ou um restaurante." De quando em quando, a saudade da família marca presença. "Saudade tem, mas a gente leva", revela, lembrando que não vê o pai há seis anos.
Enquanto Romarinho tem o mundo como casa, ele faz toda a diferença. Orgulhoso, já avisa a plateia que está famoso, pois vai aparecer no jornal. Embora a pele conheça e estampe o lado mais nocivo do sol, Romarinho não deixa o sorriso apagar. E mesmo quando leva um "não" como resposta, não faz cara feia. Ele sabe bem o significado de um ditado popular que diz: "um dia é da caça, outro do caçador".

quinta-feira, 14 de março de 2013

Sobre a arteira

A aposentadoria faz o tempo passar diferente. É tempo de cuidar dos pequenos detalhes, de despertar os talentos antigos, adormecidos. Maria Lucia é aposentada, mas não só isso: é arteira, ou melhor, artesã. No seu cantinho da bagunça, objetos comuns ganham alma. É no seu ateliê que, entre uma cuia e outra de chimarrão e uma música e outra do Neil Diamond, que ela cria, em todas as estações do ano. Maria Lucia hoje tem tempo para escolher o adereço certo da cuia – lilás no último sábado, cor da espiritualidade e da transformação –, para fazer florais, para cuidar da família e da casa. Da cozinha, surgem pratos elaborados cuidadosamente; as plantas já podem receber o carinho que os dias de números não proporcionavam. A casa na Oswaldo Cruz é o lar de filhos, netos e vizinhos. Ali, todos encontram atrativos cheios de significado, como os objetos feitos por Maria Lucia. A decoração ocupa todos os cantos da casa. Em cada objeto, uma alma e horas de dedicação. A casa de uma artesã é sempre mais charmosa e menos impessoal. A casa de uma arteira é sempre mais convidativa do que a vitrine.