segunda-feira, 10 de junho de 2013
Um salto para o artesanato
Artesão autodidata, Luiz Aroldo quer se
tornar um empresário, o que pode ser viável através do Projeto “Artesanato – Na
Palma da Mão”
Por Fabiane De Carli Tedesco
Fazer
o melhor com o que se tem. Com esta ideia em mente, Luiz Aroldo, 43 anos, criou
o Ateliê DaPedra em um cantinho da sua casa. Dos desenhos a lápis, surgem novas
malhas de metal que encantam pelos detalhes minuciosos, resultado de horas e
mais horas de trabalho paciente. O antigo professor e representante comercial
se tornou artesão autodidata no ano de 2000. Agora, Aroldo está em um processo
de mudança: suas peças saem das ruas de Chapecó e ocupam as vitrines das
joalherias do Sul.
Em
busca da formalização, em outubro de 2012 ele tomou esta importante decisão. Uma
espécie de salto, que transformará o artesão em empresário. As joias, obras de
arte de Luiz Aroldo, já ganham banho de ouro, o que oferece mais requinte ao
seu trabalho e o faz alcançar um público diferente.
Para
ele, o momento em que vive casa perfeitamente com o Projeto “Artesanato – Na
Palma da Mão”, apresentado na última sexta-feira, dia 7 de junho. O Projeto
surgiu de uma parceria entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)
e a Secretaria de Assistência Social (SEASC). “O Projeto tem tudo a ver com
esta minha fase, pois propõe a emancipação do artesão, a conquista da
independência. Vou ter ajuda na divulgação do meu trabalho e vou poder emitir
nota fiscal, o que será necessário a partir deste momento.”
A
busca histórica do artista pela independência é vivida na pele por Aroldo. “A
história do mundo mostra o artista sempre em uma situação de distância entre a
arte e o dinheiro. Eu também procuro a independência financeira. Pretendo dar o
preço adequado ao meu trabalho, que na rua valia R$ 40 e na vitrine R$ 290.
Quero lançar o meu nome, divulgar a minha marca e ganhar visibilidade.”
Aroldo,
por motivo de doença na família, precisou encontrar uma maneira de trabalhar
por conta própria. Assim, começou a produção de chaveiros. Depois veio o
macramê, a união entre as cordas e as pedras, o arame, o arame e as pedras e os
banhos de ouro. Com fios de luz, que a maioria das pessoas joga fora, Aroldo
faz os seus adornos, ricos em brilho e em movimento. Suas criações foram para o
YouTube e, uma delas, já foi vista por mais de 500 mil vezes, virando moda em
São Paulo.
Os manchados de Katia
No
Estúdio Glamour, na Barão do Rio Branco, estão expostas as roupas de Katia
Escobar. Os manchados de Katia, artesã há cinco anos, também ganharão uma força
extra com o Projeto “Artesanato – Na Palma da Mão”. Criadora da Xuxeria’s Moda
e Artesanato, Katia comenta que, por meio da SEASC, se tornou uma
Microempreendedora Individual (MEI). Participar do projeto é o próximo passo,
uma oportunidade de aprender mais e de ampliar o seu leque de opções.
Serviço:
Para conhecer mais o trabalho de Luiz Aroldo e de Katia
Escobar, acesse:
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Café para esquentar os dias frios
Hoje é o Dia Nacional do Café, data que
marca o início da colheita em boa parte do Brasil. Com o outono, há o aumento
da procura pelo cafezinho, considerável também em Chapecó
Por Fabiane De Carli Tedesco
Os
dias frios de outono pedem uma bebida quente, de preferência café. É o que
muitas pessoas pensam, já que o aumento do consumo do café aumenta
significativamente no outono e no inverno. Hoje, no Dia Nacional do Café, a
reportagem do Jornal Sul Brasil seguiu o cheiro inconfundível do café e
descobriu que o aumento chega a 70% em um estabelecimento da cidade.
É o
que conta a proprietária Aldamaria Pereira. O apreço pelo café após o almoço
foi percebido por Aldamaria quando passou a abrir o local ao meio-dia.
“Começamos a oferecer almoço e verificamos que cerca de 60 a 70% das pessoas
tomam café expresso depois da refeição.” Além do café, lá o chocolate quente e
o capuccino não são procurados no verão. “Não é comum. Com a chegada dos dias
frios, começamos a buscar novamente as máquinas que estavam guardadas.”
À
noite, muitos clientes vão ao lugar para tomar o famoso cafezinho, que em breve
ganhará ornamentos dignos de sua fama. “Os funcionários vão ser capacitados, fazer
curso de barista, para que aprendam a dar um ar diferente ao café através da
decoração.”
Para
Aldamaria, trabalhar com o café é uma experiência apaixonante. “O café tem uma
técnica que vem desde o grão, algo que influencia no produto final. Depende
muito de uma boa escolha. Depois de tanto trabalhar com café, já percebo a
diferença: se o café foi ou não bem extraído”, revela.
Dia Nacional do Café
A
data foi criada no ano de 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café
(ABIC) com a intenção de destacar o início da colheita na maior parte das
regiões do Brasil e de valorizar esta bebida no País.
Para além da superfície
“Olhos do Coração” fala de uma criança
incapaz de ver o mundo com os olhos físicos
Por Fabiane De Carli Tedesco
Foi
no dia 15 de novembro de 2012 que o tão esperado primeiro filho de Marinês
Pinsson Panozzo foi anunciado. “Olhos do Coração” é o primeiro livro de
Marinês, que teve a sua história ilustrada por Claudia Alessandra Ramos
Moschetta. Depois de uma longa procura, a Editora CRV, de Curitiba (PR), foi a
escolhida para dar vida ao projeto da pedagoga, impossibilitada de fazer esforço
físico, mas com uma mente inquieta e cheia de imaginação. “Procurávamos uma
editora que aceitasse a minha forma de escrever e a forma da Claudia desenhar”,
comenta Marinês. Com coragem e garra, Marinês e Claudia foram atrás, até que
encontraram o que tanto procuravam.
Amante
da leitura épica e da ficção com um fundo de verdade, nascida em 16 de agosto
de 1965, a filha de Ibiaçá (RS) – chapecoense de coração – percorre as escolas
para divulgar o resultado do seu trabalho. “Olhos do Coração” é uma obra de
literatura infantil que foi uma espécie de saída para Marinês, que procurava
uma maneira de fazer a diferença no mundo.
“Por
conta de um problema de saúde, tive que parar de trabalhar. Só que eu não
queria ser mais uma a não fazer nada. Queria fazer algo de bom para a
humanidade, que fosse além da minha vida, da vida dos meus filhos. A vontade de
fazer algo falou mais alto do que a preocupação com o custo inicial. O custo
não é tão importante diante do fato de ter uma criança lendo, manuseando um
livro com o seu nome.”
Se
antes Marinês ensinava as crianças por meio do ofício de professora, hoje ela
pode ensinar por meio da literatura. Um trabalho árduo, em um tempo em que
muitas pessoas têm outras prioridades e deixam os livros um pouco de lado, na
sua opinião. Classificada na Academia Taubateana de Letras, com menção honrosa
da Academia Criciumense de Letras, com o poema “Intrépida Gente”, Marinês
encontra no silêncio da casa o ambiente certo para criar. “As histórias surgem
nos momentos mais solitários do dia, quando sou só eu comigo mesma.” Momentos
de lucidez do pensamento, que não raro surgem em plena madrugada.
“Olhos
do Coração” conta a história de uma criança que não vê com os olhos físicos. O
texto instiga um segredo, que dá nome à obra. Para os amantes da boa
literatura, uma pista: o livro está na Livraria Moderna e na Livraria Camões,
em Chapecó.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
O precioso conhecimento de uma parteira
Pelas mãos de Mariinha, incontáveis crianças vieram ao mundo
Por Fabiane De Carli Tedesco
Tantas crianças vieram ao mundo pelas suas mãos, que ela já perdeu a conta. Maria Celestina Rodrigues mora em uma casa perdida no tempo, em uma estrada de terra do Toldo Chimbangue, interior de Chapecó. Parteira, Maria, mais conhecida como Mariinha por conta da baixa estatura, também conhece o mistério das ervas, das quais extraiu remédios que, ao longo dos anos, curaram a sua família.
Mariinha, 83 anos, começou a fazer partos com 25 anos. Pelas suas mãos, nenhuma criança morreu. Para ela, o trabalho da parteira é importante e acredita que nascer pelas mãos de uma parteira é sempre melhor do que nascer pelas mãos de um médico de hospital. Nascida em Pinhal – pertencente ao município de Seara (SC) –, ela não se lembra em qual foi o dia em que nasceu. Mas uma coisa é certa: nasceu em casa, como era comum em seu tempo.
Mãe de oito, avó de incontáveis, bisavó de mais de 30 e tataravó de mais de uma dúzia, Mariinha teve o primeiro filho aos 14 anos e, depois de tanta vivência, ainda cuida de uma filha adotiva que está acamada. Além de parteira – ofício aprendido com a sogra – e criadora de remédios, ela trabalhou na roça, criou porcos e vacas de leite. Nunca passou os ensinamentos adiante, já que as novas gerações preferem a medicina dos hospitais ao invés da medicina da antiga cultura que, pouco a pouco, perde o seu impulso vital. Benzedeiros e médicos de ervas que já fazem parte de uma cultura extinta, desconhecida por muitos. Movidos pela ignorância, passam veneno nas terras, onde já não nascem as plantas de outros tempos.
Viúva há quatro anos, Mariinha certa vez foi ao médico e ele a desenganou. “Voltei para casa para morrer. Mas Deus foi o meu médico e ainda estou aqui.” Os filhos nunca perderam a esperança e deram a ela os remédios que a mãe sempre receitou às pessoas. “Minha mãe sempre salvou vidas e Deus sabia que ela também precisava ser salva”, comenta o filho Sebastião Antunes de Lima. Para Sebastião, Dia das Mães é todo o dia, embora exista apenas um dia comemorativo reconhecido. A alegria dele e dos irmãos é poder passar este dia ao lado dela, um privilégio aos seus olhos.
Segundo Mariinha, o que ela preserva após tantos anos de vida é algo chamado felicidade. “Me sinto feliz por ter os meus filhos por perto. É muito bom para uma mãe que, como eu, adora os seus filhos. Consegui criar os filhos, mostrando a eles o bom caminho. Como mãe, me orgulho por não ter nenhum filho no mau caminho. Eles não me deram trabalho, nunca foram da baderna.”
Mariinha guarda conhecimentos antigos, é dona de cores e símbolos mágicos, de lendas e costumes esquecidos. Na varanda, ascende o paiero e comemora, com um sorriso tímido, o dia em que as suas memórias estamparam as páginas de um jornal, inspirando tantas e tantas mães que celebram este dia mais do que especial.
Por Fabiane De Carli Tedesco
Tantas crianças vieram ao mundo pelas suas mãos, que ela já perdeu a conta. Maria Celestina Rodrigues mora em uma casa perdida no tempo, em uma estrada de terra do Toldo Chimbangue, interior de Chapecó. Parteira, Maria, mais conhecida como Mariinha por conta da baixa estatura, também conhece o mistério das ervas, das quais extraiu remédios que, ao longo dos anos, curaram a sua família.
Mariinha, 83 anos, começou a fazer partos com 25 anos. Pelas suas mãos, nenhuma criança morreu. Para ela, o trabalho da parteira é importante e acredita que nascer pelas mãos de uma parteira é sempre melhor do que nascer pelas mãos de um médico de hospital. Nascida em Pinhal – pertencente ao município de Seara (SC) –, ela não se lembra em qual foi o dia em que nasceu. Mas uma coisa é certa: nasceu em casa, como era comum em seu tempo.
Mãe de oito, avó de incontáveis, bisavó de mais de 30 e tataravó de mais de uma dúzia, Mariinha teve o primeiro filho aos 14 anos e, depois de tanta vivência, ainda cuida de uma filha adotiva que está acamada. Além de parteira – ofício aprendido com a sogra – e criadora de remédios, ela trabalhou na roça, criou porcos e vacas de leite. Nunca passou os ensinamentos adiante, já que as novas gerações preferem a medicina dos hospitais ao invés da medicina da antiga cultura que, pouco a pouco, perde o seu impulso vital. Benzedeiros e médicos de ervas que já fazem parte de uma cultura extinta, desconhecida por muitos. Movidos pela ignorância, passam veneno nas terras, onde já não nascem as plantas de outros tempos.
Viúva há quatro anos, Mariinha certa vez foi ao médico e ele a desenganou. “Voltei para casa para morrer. Mas Deus foi o meu médico e ainda estou aqui.” Os filhos nunca perderam a esperança e deram a ela os remédios que a mãe sempre receitou às pessoas. “Minha mãe sempre salvou vidas e Deus sabia que ela também precisava ser salva”, comenta o filho Sebastião Antunes de Lima. Para Sebastião, Dia das Mães é todo o dia, embora exista apenas um dia comemorativo reconhecido. A alegria dele e dos irmãos é poder passar este dia ao lado dela, um privilégio aos seus olhos.
Segundo Mariinha, o que ela preserva após tantos anos de vida é algo chamado felicidade. “Me sinto feliz por ter os meus filhos por perto. É muito bom para uma mãe que, como eu, adora os seus filhos. Consegui criar os filhos, mostrando a eles o bom caminho. Como mãe, me orgulho por não ter nenhum filho no mau caminho. Eles não me deram trabalho, nunca foram da baderna.”
Mariinha guarda conhecimentos antigos, é dona de cores e símbolos mágicos, de lendas e costumes esquecidos. Na varanda, ascende o paiero e comemora, com um sorriso tímido, o dia em que as suas memórias estamparam as páginas de um jornal, inspirando tantas e tantas mães que celebram este dia mais do que especial.
terça-feira, 7 de maio de 2013
O humor crítico de Varieté
Cia De La Curva apresenta peça no próximo domingo, dia 12 de maio
Por Fabiane De Carli Tedesco
No dia 12 de maio, próximo
domingo, a Cia De La Curva sobe ao palco do Serviço Social do Comércio (Sesc),
de Chapecó, para apresentar a peça “Varieté Humor Crítico”. O espetáculo tem
início às 18h, no Cine Teatro do Sesc. A entrada é gratuita e a distribuição
das senhas tem início às 17h. Criada pelo ator Fernando Perri, a peça – ideal
para um Dia das Mães em família – tem 50 minutos e é indicada para pessoas a
partir de 12 anos.
Um monólogo com diversos
personagens e diferente dos outros espetáculos da companhia, como diz Perri. Na
peça, um palhaço deprimido e outro que vive de mau humor, além de um peixe
politizado. São todos personagens que possuem características marcantes e são
eles: o Palhaço Coragem, o Entrevistador, o Peixe e o Palhaço Paralelogramo. Em
Varieté, o ator Fernando Perri interpreta os quatro personagens.
Segundo a companhia, o estilo
teatral utilizado é o do teatro de variedades, também conhecido como “Varieté”.
O público pode esperar por muito humor, destreza circense, improviso e interação
com a plateia. Tudo isso forma o eixo central do espetáculo, que discursa temas
importantes como política, sociedade e meio ambiente.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
A voz calma e aveludada do rádio
Aos cinco anos, caixinhas de fósforo presas por um fio eram a sua
maneira de se divertir e de se comunicar. Sessenta anos depois, a comunicação
ainda é o seu mundo
Por Fabiane De Carli Tedesco
Colaboração: Gesélio Catalan
No Dia Mundial da Liberdade de
Imprensa, celebrado em 3 de maio, o Jornal Sul Brasil encontrou uma figura que
faz história nas ondas do rádio. Ivo Mendez, mais conhecido como Marquinhos, é
um comunicador que teve o seu início ainda na Ditadura Militar, no ano de 1976.
Além de comunicador/radialista, Marquinhos foi artista de circo, faz mapa
astral, é inventor – tendo recebido o apelido de Professor Pardal –, cantor e
eletrônico formado. De quando em quando, ele ainda sai pelas ruas de Chapecó
vestido de palhaço, munido de seu violão italiano ornado de rosas.
Nascido “no dia em que a beleza
entrou em férias”, como diz, em 11 de setembro de 1947, na cidade de Abelardo
Luz (SC), aos cinco anos já se comunicava com os amigos à distância, por meio
de caixinhas de fósforo presas por um fio. Ele não sabia que o rádio existia –
só soube aos 11, 12 anos –, mas já conhecia a música. O apreço pela música o
segue até hoje, já que Marquinhos é um grande admirador da música clássica,
sentimental e italiana, sendo que o sertanejo de raiz tem um canto especial na
sua vida. São músicas que ele busca no fundo do baú, surpreendendo ouvintes e
colegas de profissão.
Em casa, Marquinhos guarda uma
coleção de 800 discos de vinil e um Fusca 1976 – ano que marcou a sua estreia
no rádio. Ao falar em carro, ele lembra de um acidente que quase tirou a sua
vida e resume: “Nasci de novo”. Conhecido por ajudar as pessoas, Marquinhos
acredita que é importante fazer o bem sem esperar recompensas. “A maior
recompensa é ser feliz”, comenta. A voz calma e aveludada ainda ganha as ondas
do rádio 37 anos depois, misturada às notícias que também compõem o seu “Show
da Noite”.
Durante os quase 40 anos de
rádio, Marquinhos já sentiu o poder da crítica e da incompreensão. Momentos em
que o elogio não chegou, ferindo o que ele chama de “ego profissional”. “Tem
sempre uns amigos da onça que não querem ver o seu triunfo e que invejam o seu
carisma. Quando você recebe um ‘não’ como resposta, isso mancha o seu dia. Mas
eu confio no meu talento e sempre digo: ‘se a sua estrela não brilha, não tente
apagar a minha’”.
Nos tempos de ditadura, o
comunicador diz que jogou limpo. “Sempre fui claro e agi sem medo das
consequências. Já tratei de assuntos polêmicos, mas sempre com educação, agindo
dentro da legalidade.” Na comunicação, trabalhou com televisão e também com
jornal impresso, onde fazia reportagens, mas foi no rádio que encontrou o seu
lugar ao sol. Ao longo dos 37 anos de rádio, percebeu o quanto a tecnologia
mudou dentro e fora dos estúdios. Os discos de vinil e as fitas K7 deram lugar
aos CDs e aos disquetes, que mais tarde foram também substituídos.
Aposentado, o comunicador não
consegue se desvencilhar do rádio. “O rádio é a minha vida. É isso: o rádio,
para mim, representa a vida.” O segredo para permanecer no ar por tanto tempo?
“Carisma. O público gosta de alegria, gosta de quem sorri e de quem o faz
sorrir. Isso, não tem dinheiro que pague.” A alegria o acompanha desde a sua
estreia no rádio, quando apareceu em uma emissora, meio palhaço, meio cantor,
para se apresentar para mais de 600 pessoas. “Eu não tinha um vozeirão, mas o
dono do rádio gostou de mim e pediu para que eu voltasse.” Cantou músicas
espanholas, pouco conhecidas pelo público chapecoense, e músicas italianas.
Trinta e sete anos depois, Marquinhos ainda encanta milhares de ouvintes. “Não
gosto de falar do meu trabalho; prefiro que as pessoas vejam (ou no caso ouçam)
por si mesmas.”
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Cia ContaCausos de malas prontas
Apresentações em São Paulo fazem parte da agenda
da companhia chapecoense, que procura fortalecer a identidade regional por meio
da contação de histórias
Por Fabiane De Carli Tedesco
Foi no
blog da Cia ContaCausos (www.contacausos.com.br)
que um convite inesperado surgiu: se apresentar em São Paulo, no Serviço Social
do Comércio – Sesc Itaquera. Assim, a Cia ContaCausos está de malas prontas,
com viagem marcada para esta sexta-feira, dia 3 de maio. Até o dia 11 de maio,
a Cia ContaCausos se apresenta na cidade que é uma das maiores do mundo.
É a
primeira vez que a companhia sai do Sul do Brasil. Tudo isso graças ao blog,
que serve para mostrar o trabalho dos membros da ContaCausos, recebendo
semanalmente 1.500 acessos. São 10 apresentações de dois espetáculos:
“Esticando as Canelas” e “Tem Coroa, mas não é Rei!”. Além das apresentações no
Sesc Itaquera, a ContaCausos faz outras duas apresentações de “Tem Coroa, mas
não é Rei!” no evento Virada
Sustentável, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), domingo, dia 5 de maio.
A
ContaCausos é composta por diversas pessoas. Entre elas, Mariane Kerbes, que
toca gaita em um dos espetáculos; Lucas Cruz, da Doss Propaganda, que cuida da
identidade da companhia; Marcos Batista Schuh, responsável pelo cenário; e
Josiane Geroldi, contadora de histórias.
Josiane
conta que se apresentar em São Paulo representa uma conquista, que casa com a
maior intenção da companhia: fazer com que um maior número de pessoas conheça
as histórias que movem a ContaCausos. “Ir para São Paulo é um passo a mais”,
comenta. Do mesmo modo que aconteceu em Porto Alegre após algumas apresentações
da companhia, Josiane espera que convites para outros festivais apareçam a
partir das apresentações em São Paulo.
Desde
o ano de 2005, Josiane conta histórias, mas foi em 2010 que nasceu a
ContaCausos, com a finalidade de agregar pessoas com o mesmo direcionamento.
Para ela, Chapecó é fonte de ótimas histórias. “Aqui, há muitas narrativas a
serem resgatadas, há um grande patrimônio regional. Pretendemos fortalecer a
identidade da região, a exemplo do que acontece no Nordeste. Daqui, podemos
levar o nosso trabalho para outros lugares, em um movimento de dentro para
fora”, revela.
Fotos: Mariane Kerbes
terça-feira, 23 de abril de 2013
Parecem de verdade, mas não são!
Bolos cenográficos são opção para quem quer incrementar festas de
diferentes motivos
Por Fabiane De Carli Tedesco
Artesãos de Chapecó tiveram uma
ideia diferente para incrementar festas. Embora tenham outras atividades, eles
resolveram dar início à Ki Bolo - Bolos Cenográficos Personalizados a partir da
dificuldade em encontrar um bolo cenográfico para uma festa de aniversário.
Assim, surgia a ideia que deu origem à Ki Bolo.
O processo de produção é
totalmente artesanal, feito de acordo com a necessidade do cliente. Tudo pode
ser personalizado, conforme o perfil do evento. São bolos que parecem de
verdade, feitos de biscuit, material também conhecido como porcelana fria. A
escolha do material se deu pela sua resistência, adquirida depois da secagem
completa.
A intenção dos artesãos é
desenvolver e confeccionar bolos cenográficos, suprindo um mercado tão carente
em Chapecó. Para eles, fazer isto de forma totalmente personalizada é
essencial. Isto garante que o trabalho oferecido seja realmente especial. Os
chapecoenses têm recebido muito bem esta ideia, já que o casal de artesãos não
esperava por tanta procura.
Para divulgar os bolos
cenográficos, utilizam o Facebook. Os modelos, disponíveis a pronta entrega,
estão expostos na rede, para venda ou locação. Super-heróis, personagens de
desenhos animados, seres fantásticos e elementos clássicos fazem a graça dos
bolos, conhecidos pelo toque único de personalidade.
Serviço
Telefones para contato:
(49) 8409-8362 e (49)
8413-8352
E-mail:
bolocenograficos@gmail.com
terça-feira, 16 de abril de 2013
segunda-feira, 15 de abril de 2013
"Magus": um espetáculo de magia e comédia
A nova peça da Cia de la Curva une mágicas de salão e a linguagem clown, fazendo rir do início ao fim
Por Fabiane De Carli Tedesco
As
cortinas se abrem e, no palco, duas figuras opostas como a água e o vinho
misturam-se. Marri é humilde, brincalhona e espontânea. ChamPingnon é
arrogante, sério e preocupado com a opinião da plateia. Os opostos compõem a
peça "Magus", da Cia de la Curva, apresentada na sexta-feira, dia 12
de abril, no Serviço Social do Comércio (Sesc).
Manon
Alves, que interpreta a doce Marri, conta que a peça teve o seu primeiro
lampejo no ano passado, mas foi em janeiro de 2013 que ela e o esposo Fernando
Perri, o ChamPingnon, se dedicaram integralmente à elaboração de
"Magus". Neste mês de abril, a peça foi apresentada ao público, que
delirou com a mistura entre a mágica (ou seria magia?) e o clown. Um espetáculo
de mágica cômica, no qual Manon e Fernando são os criadores e os atores, que se
filmam e se autodirigem.
Improviso
e interação com os espectadores são elementos que podem ser encontrados em
"Magus" que, na visão de Manon, brinca com o lado narciso do mágico.
"O mágico tradicional tem aquele ar narciso, é aquele que nunca erra."
Na peça, ChamPingnon, para ter a sua Marri de volta, desce do trono e se
ajoelha, admitindo o erro. Marri, sempre submissa, tem o seu momento mais
marcante quando inverte a situação, estendida por quase toda a peça.
O
espetáculo, de mágicas de salão não reveladas, pende à magia. Perri revela que
um ambiente mágico é criado, fundindo-se à linguagem clown, à linguagem do
absurdo. É um espetáculo de bordões como o "é bom" de Marri. Ela,
assim como ChamPingnon, fala em um francês meio misturado algumas inverdades
divertidas ao longo dos 60 minutos de peça, de boas risadas e encantamento. Para
se ver sozinho, em dupla ou em família, "Magus" terá a sua próxima
apresentação no dia 12 de maio.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Para quem tem a ferrugem do jipe no sangue
O jipe, considerado herói da Segunda Guerra
Mundial, é o que move mais de 30 pessoas que fazem parte do Caçalama OFF-ROAD
Por Fabiane De Carli Tedesco
Eles
nem sempre são compreendidos, já que a paixão pelo jipe inclui garagens sujas
de graxa e de óleo, além de gastos com manutenção e acessórios. Barulhentos, os
jipes ocupam espaço, não só nas garagens como nos corações dos jipeiros, que
hoje, dia 4 de abril, comemoram o Dia do Jipeiro - uma alusão direta ao fato
dos jipes terem tração 4x4.
Em
Chapecó, há um grupo de incompreendidos. São mais de 30 pessoas que encontraram
um lugar de expressão deste estilo de vida: o Caçalama OFF-ROAD. Para elas, a
estrada começa quando a da maioria das pessoas termina. O jipe, para os membros
do Caçalama, são especiais, tanto para o trabalho, quanto para o lazer. Ele foi
considerado o herói da Segunda Guerra Mundial por conta do seu emprego militar,
que o fez conhecido no mundo todo.
Os
jipeiros do Caçalama aproveitam a data para concretizar um sonho antigo: a sede
própria. Por meio da doação do espaço pelo empresário e amigo Darci Rodrigues,
a sede será realidade em breve. Um lugar para festividades, encontros e
reuniões, que fica na saída do Bairro Santo Antônio. Neste dia 4 de abril, o
Caçalama sairá em carreata às 18h30 do Jornal Sul Brasil. Passará pela Avenida
Getúlio Vargas com destino ao Bairro Santo Antônio para uma confraternização.
José
Figueira da Silva, conhecido como Nene do Jipe, 51 anos, é um jipeiro há 28
anos. José, que logo será avô, tem até uma mecânica especializada em jipes.
Além de jipeiro e presidente do Caçalama, Nene é motoqueiro e trilheiro. A
sensação de dirigir um jipe muda conforme o terreno. Sensação que é
compartilhada pela esposa, parceira das aventuras de jipeiro. "É preciso
ter a ferrugem do jipe no sangue", comenta.
O
casal Daniella Ivone Schneider e Flavio Kucharski também é parceiro de
aventuras. Para Flavio, o jipe representa o inesperado. "Nunca se sabe o
que vai acontecer." O amigo Nene diz que, para muitos, andar de jipe é
sinônimo de desafiar o perigo, mas esta não é a ideia defendida por Flavio.
"Não queremos por a vida em risco", conta. A esposa Daniella
complementa: "não há a intenção de estragar o carro, nem a natureza, já
que, por onde passamos, procuramos não jogar lixo."
O
Caçalama é uma entidade que não visa o lucro, ou seja, é filantrópica. Doa
cestas básicas e brinquedos, participa da Maratona da Solidariedade e dos
desfiles do Dia da Independência. Recebe outros grupos que participam de
eventos de jipeiros em Chapecó, assim como participa de eventos em diversas
cidades do Sul do Brasil. Agora, se prepara para uma importante viagem, pois em
breve participará com 10 carros da Festa Nacional do Jeep (Fenajeep), que
acontece na cidade catarinense de Brusque.
"Minha
mulher me disse: 'eu ou seu jipe.' Tenho saudades dela."
quinta-feira, 28 de março de 2013
El Toron lança vídeo de divulgação
"Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo,
pimenta, alho, ervas, por um triz não sou uma bruxa." (Martha Medeiros)
Por Fabiane De Carli Tedesco
Pimenta. Esta é a matéria-prima do El Toron Produtos
Artesanais, uma ideia do casal Manu Benvenutti e Thiago Scussiato Merlo que
ganhou o mundo real. "A pimenta sempre foi um item presente na cozinha.
Desde muito cedo observava o meu avô fazer conservas. Com o passar do tempo,
comecei a cozinhar e a fazer conservas também. No princípio, elas eram dadas
como presente aos amigos e conhecidos", conta Merlo.
O aprimoramento das receitas e as novas criações fizeram com
os molhos começassem a ter uma demanda maior. "Nesta fase, entrou uma
designer em minha vida (Manu). A partir daí foi um caminho sem volta. Ela ficou
empolgada com a história e os estudos da marca começaram, chegando ao resultado
atual."
A designer procurou passar, por meio do símbolo criado, as características
que Merlo queria e elementos que ele observava em outras marcas de molho de
pimenta. "A marca tinha que representá-lo, pois os molhos de pimenta são
produzidos de uma maneira bem pessoal. As cores e as formas representam o
México, com as suas touradas e a sua 'Lucha Libre'. Foi feita uma pesquisa dos
dois temas. Com as referências, consegui definir também a tipografia: letras
bastante utilizadas em cartazes de festas mexicanas", revela Manu.
Como Touro é o signo do namorado, ela lembrou deste fato na
hora de definir um símbolo. "Queríamos que fosse marcante, forte, que
chamasse a atenção, tivesse até um lado bem-humorado, alegre e com um toque
'caseiro'. O nome surgiu também da observação e do estudo das referências. Foi
em um insight que eu visualizei o El Toron e um touro como símbolo. Só precisei
lapidar a ideia com os outros elementos."
Após um tempo de observação no final do ano passado, no
início do ano de 2013 surgia definitivamente o El Toron. "Fiz uma surpresa
e apresentei a proposta formalmente. Expliquei todo o conceito e, de primeira,
definimos que esta seria a marca do El Toron. Depois disso, fomos pensando em
embalagens, em rótulo e em aplicações. Criamos a fan page e estamos trabalhando
bastante agora, tentando manter as pessoas atualizadas e procurando
conteúdo."
Segundo a designer, a marca El Toron Produtos Artesanais
surge como um selo para produtos feitos artesanalmente e com produção limitada.
A intenção é fabricar produtos naturais, sem adição de conservantes, corantes
ou qualquer tipo de produtos químicos. "Começamos com molhos de pimenta e
em breve estarão à venda os licores de limão siciliano feitos pelo Sr. Fermino
Merlo."
No dia 27 de março, El Toron lançou um vídeo na internet.
Nele, o movimento da elaboração dos molhos é representado com a magia própria
da arte. Produzido pela Sombrero Filmes, o vídeo está no endereço:
http://vimeo.com/62718052
Carpindo um Lote e El Toron
El Toron é considerado pelos seus criadores como um
movimento, assim como o Carpindo um Lote, que ganhou reportagem de capa
recentemente no Jornal Sul Brasil. Para o casal, os dois movimentos andam lado
a lado. "A harmonia e o envolvimento entre os integrantes acabam
resultando em uma fábrica de ideias. Alguns molhos já saíram da panela e foram
direto para a horta para degustação." Dessa forma, puderam colher opiniões
e decidir o que seria produzido.
Molhos oferecidos
1- Doce com Alho;
2- Doce com Gengibre;
3- Tomates Picantes;
4- Leite de Coco.
Onde comprar
As encomendas podem ser feitas pelo email:
eltoronprodutosartesanais@gmail.com ou pela página do Facebook:
https://www.facebook.com/pages/El-Toron-Produtos-Artesanais/140619832763049
O prazo de entrega é de 15 dias.
quarta-feira, 27 de março de 2013
Pelo hábito de consumir cultura
Este é um dos propósitos da ACATE, que hoje realiza mais um
Teatro em Debate
Hoje, Dia Internacional do Teatro e do Circo, acontece o
Teatro em Debate, evento que teve início no ano de 2002, cuja intenção é
discutir o tema e elaborar documentos voltados à conquista de espaço do teatro
em Chapecó. Realizado pela Associação Chapecoense dos Artistas e Grupos de
Teatro (ACATE), o Teatro em Debate acontece a partir das 19h30, na Sala Eli
Camargo, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes.
Por Fabiane De Carli Tedesco
Com o tema “Situação atual do teatro em Chapecó: atualidade,
desafios e perspectivas”, o debate é uma forma de lembrar as autoridades que o
teatro ainda está longe de um cenário ideal. “Queremos unir mais forças para
continuarmos buscando o crescimento. Não somente do teatro, mas das artes em
geral. Sabemos que quando conquistamos um direito, ele não beneficia somente o
teatro: a conquista se multiplica para outras áreas artísticas”, explica o
presidente da ACATE, Tarcisio Brighenti. Ele diz que este ano a ACATE conta com
o apoio da Secretaria Municipal de Cultura.
Conforme ele, o evento sempre promove uma discussão sobre a
situação do teatro em Chapecó, ampliando as ações. Uma das ações de grande
importância para a associação é o Festival de Teatro de Chapecó – sonhado
durante muitos e muitos anos. Em 2009, a ACATE recebeu apoio da então Fundação
Cultural de Chapecó, hoje Secretaria Municipal de Cultura. “O Festival de
Teatro é uma ocasião de aprendizado, de troca”, lembra o presidente.
Entretanto, mais precisa ser feito em termos de fomento do
teatro em Chapecó. “Temos dificuldade na circulação dos trabalhos, na montagem
dos espetáculos e na formação da plateia. Não há um público cativo em Chapecó.
Queremos implantar o hábito de assistir peças de teatro na cidade, fazer com
que as pessoas, assim como consomem tantos bens materiais, consumam também a
cultura.”
Fazem parte da ACATE cinco companhias teatrais. Todas elas
sentem falta de um teatro, um lugar próprio para as apresentações. O Centro de
Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes, por exemplo, tem uma estrutura que não
condiz com a estrutura dos grupos, já que o teatro possui mil lugares. No
Serviço Social do Comércio (Sesc), embora não seja ideal, o espaço é mais
adequado às companhias. “Porém, a nossa luta maior é a conquista de um espaço
específico em Chapecó, para ensaios, apresentações, reuniões e oficinas.”
O Teatro em Chapecó
Muitos grupos teatrais iniciaram na década de 1980 em
Chapecó. Eles nasceram dentro de grandes indústrias, como a Sadia, a Aurora, a
Alfa e a Chapecó Alimentos. Mas, na década de 1950, grupos já passavam pela
cidade, deixando boas lembranças na memória dos antigos. Além disso, o teatro
de igreja sempre existiu na Capital do Oeste, especialmente nas décadas de 1940
e 1950.
Sobre o chocolate
O cheiro de chocolate invade o ar, em um cantinho adocicado
da Nereu Ramos. Uma loja de doces artesanais que aposta no chocolate em todas
as épocas do ano, na personalização e no toque familiar. Vovó Mônica fazia
guloseimas para a família, até que decidiu se tornar uma doceira empresária.
Para as datas especiais como a Páscoa, faz doces temáticos, cheios de sabor e
imaginação. Nas panificadoras, a Páscoa está em biscoitos e colombas de encher
os olhos. As delícias dispostas nesses ambientes serviram de pauta para a
reportagem "O lado artesanal da Páscoa", que dá sabor à edição de
hoje do Jornal Sul Brasil. São bombons, trufas e ovos que nos lembram a
infância, no tempo em que esperávamos o Coelho da Páscoa ansiosamente. Uma
época de boas lembranças para muitos, sem dúvidas. O chocolate é acolhedor,
difícil de não ser apreciado pelas pessoas. Ao leite, amargo ou meio amargo,
ele acompanha datas especiais e aproxima as pessoas. Em cada barra, mora um
prazer absoluto, desejado em todos os dias do ano.
O lado artesanal da Páscoa
Loja de doces artesanais aposta no chocolate como presente
em todas as épocas do ano
Por Fabiane De Carli Tedesco
A Páscoa está chegando e com ela as delícias artesanais que
fazem da data ainda mais doce. Nas panificadoras, é hora de botar a mão na
massa, já que os pedidos aumentam neste período que antecede a Páscoa. Em uma
panificadora da cidade, biscoitos e colombas pascais estão sendo produzidos
desde o início do mês de fevereiro, mas é agora que a procura aumenta, segundo
a gerente Maribel Benin.
Para ela, as guloseimas de Páscoa são ótimas para presentear
nesta data, até porque são super decoradas, levando um toque artesanal. Os
biscoitos, por exemplo, feitos com manteiga e nata, são decorados um a um,
recebendo pintura manual.
Os doces artesanais também são vistos como uma boa pedida
pelas proprietárias de um cantinho adocicado da Nereu Ramos. Tanto que
perceberam a prosperidade financeira deste nicho. Izadora Reche, neta de Mônica
– proprietária do espaço, lembra que a avó fazia os doces artesanais para a
família antes de se tornar uma doceira empresária, ao lado da filha Claudia.
“Como a gente sabia fazer os chocolates artesanais e não há quem não goste de
chocolate, achamos que este seria um bom negócio. Estávamos certas”, comenta
Izadora.
O negócio familiar tem tudo a ver com a Páscoa, já que
oferece bombons, trufas e ovos, podendo ser personalizados. A loja, com
fabricação própria, abriu as portas há um mês e meio. As moças da Família Reche
compram chocolates de marcas famosas e os transformam em delícias artesanais
muito bem recebidas pelos chapecoenses. Elas montam cestas, fazem ovos trufados
e mesclam chocolates, ao gosto dos clientes.
Em datas especiais como a Páscoa, o Dia das Mães, o Dia dos
Namorados e o Natal, fazem um trabalho temático. “O chocolate artesanal é mais
interessante. Bem mais do que as barras-padrão”, opina Izadora. Mas ela
acredita que o chocolate faz parte de um processo contínuo, cuja produção deve
acontecer em todos os períodos do ano, ou seja, ele não tem época específica:
todas as épocas são próprias para o chocolate. “O chocolate é um ótimo
presente, não somente nas datas em que ele é símbolo”, finaliza.
"O Mundo Mágico do Circo" em visitação no MHAC
Mostra apresenta a vida do circo mambembe em Santa Catarina
Por Fabiane De Carli Tedesco
A magia do circo não está apenas debaixo da lona, mas também
no museu. Isso porque iniciou recentemente a exposição "A Imagem e a
Relação com a Sociedade – O Mundo Mágico do Circo", no Espaço Comunidade
do Museu de História e Arte de Chapecó (MHAC). Iniciativa da Secretaria de
Cultura, por meio da Gerência de Patrimônio Histórico e Memória, a mostra
permanece até o dia 28 de março, um dia depois do Dia do Circo.
A exposição surgiu de um vídeo-documentário de 15 minutos,
gravado na bitola VHS em diversos municípios de Santa Catarina, e apresenta a
vida do circo mambembe no Estado. Com argumento e roteiro de Carmem Fossari, do
Departamento Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o
trabalho conquistou os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Direção no I
Festival Nacional de Vídeo de Gravatal (SC).
A mostra "O Mundo Mágico do Circo" reúne também os
trabalhos do fotógrafo Marcio Henrique Martins, expostos em 10 banners com
imagens cotidianas de um circo mambembe. O horário de visitação é das 8h30min
às 11h15min e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira.
Vida de circo
Ele nasceu no circo e faz parte da única família circense de
Chapecó. José Clóvis de Almeida, ou Palhaço Carequinha, comanda a Companhia de
Circo Roialy Show, além de ser coordenador da Escola de Circo da Kirka - o Som
das Árvores. Apresenta o seu trabalho em escolas e eventos da prefeitura, dá
aulas para crianças interessadas em aprender números do circo e percorre
diversos lugares com a companhia levando a magia circense.
São 36 alunos que absorvem na Kirka a sabedoria de
Carequinha, que há três anos iniciou as aulas na organização. O ensaio da
família começa todos os dias às 6h e vai até 8h. Depois, é a vez dos alunos
ensaiarem na Kirka, onde Carequinha e a família moram. "Tem que ser cedo,
porque de manhãzinha a mente está limpa", explica.
A vida é boa no circo, mas, às vezes tem o seu lado tirano.
"Quando estamos fazendo amizade, temos que ir embora", conta. Em
novembro de 1991, Carequinha sentiu ainda mais a tirania do riso. Após um
acidente de carro, sua mãe faleceu. Carequinha teve que subir no palco mesmo
assim, já que o show tem que continuar. "O acidente foi em União da
Vitória (PR). Minha mãe morreu no circo. Eu subi no palco mesmo triste,
chorando, mas foi uma das poucas vezes que estive assim", comenta o
palhaço, sempre alegre e otimista.
Aos 46 anos, ele já é avô. Uma de suas netas, Mirelle, se
prepara para entrar no circo, assim que completar quatro anos. Ela fará parte
da quarta geração no mundo mágico do circo, a exemplo de seu primo, que aos
cinco anos já é palhaço. A família Almeida colocou os pés neste mundo mágico em
um tempo em que o circo era a maior novidade onde quer que chegasse. "Era
uma coisa de outro mundo", resume. Os pais aprenderam o que ensinaram para
Carequinha com o dono do Circo Bolinha. Assim, criaram o Circo di Monaco, em um
terreno do Bairro Bela Vista, em Chapecó.
Próprio para toda a família, o circo, segundo Carequinha -
antigamente conhecido como Palhaço Pirilampo -, é a diversão mais antiga do
mundo. Os números são passados de pai para filho, mas sempre inovando nos
truques, para não caírem na mesmice. Afinal, uma das poucas coisas rotineiras
na vida de circo é a viagem. E quem disse que Carequinha aguentou a vida pacata
de um trabalhador tradicional? Uma vez, em Porto Alegre (PR), trabalhou em uma
gráfica, formalmente, cumprindo horário e batendo ponto. Resultado: oito meses
depois, ele já dava adeus à vida de operário padrão.
Clóvis (ou Carequinha) não quer nem pensar em abandonar a
vida mambembe." A vida no circo é muito boa. A gente trabalha se
divertindo. A maior alegria do palhaço é ver a plateia rindo. Não troco a vida
no circo por nada neste mundo."
terça-feira, 26 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
A relíquia da Família Basso
O Ford Coupe da década de 1940 é um dos carros que
estão em exposição no Parque Rovilho Bortoluzzi, em Xanxerê
Por Fabiane De Carli Tedesco
O ronco do motor já dizia tudo: o carro que saía da garagem
esbanja potência. Logo, a relíquia da Família Basso ganhava a luz do sol. O
Ford Coupe da década de 1940, laranja de época, conhecido como barata, é o xodó
do dentista Ricardo Basso. O apreço é compartilhado por toda a família,
principalmente pelos filhos Lucas e Brenda.
Há sete anos, Ricardo comprou o Ford. Ele foi todo reformado
e, o que antes era uma lata velha, como conta Ricardo, hoje é uma joia rara que
os filhos aprenderam a dar valor. Ricardo adquiriu o gosto pelos carros com o
seu avô, Amélio Betollo. "Ele foi a primeira pessoa a comprar um automóvel
na cidade de Erval Grande (RS), na década de 1930, 1940."
O apaixonado acredita que o desejo de consertar carros
antigos se expandiu na década de 2000, por conta dos programas transmitidos
pela TV a cabo. Uma cultura norte-americana, absorvida pelo Brasil, que reúne
admiradores de todos os lugares. A exemplo do que acontece neste final de
semana em Xanxerê: a quinta edição do Encontro de Carros Antigos, Caminhões,
Bicicletas e Antiguidades do Veteran Car Clube daquela cidade. Ricardo já
confirmou que vai levar o seu Ford.
Os carros antigos demandam investimento e, quando são
reformados, não são comumente vistos pelas ruas sem que haja uma intenção
maior. E são nesses eventos que carros como o Ford Coupe dão o ar da graça. A
sensação de andar em um é inexplicável, segundo Ricardo. "Tem que entrar e
sentir, é impossível transmitir a sensação. É um prazer enorme rodar com um
carro da década de 1940."
Quando Ricardo roda com ele, o Ford para o trânsito e quase
causa acidentes. O carro sempre é fotografado, as pessoas querem saber mais
sobre ele e até fazem propostas. Porém, Ricardo não quer nem saber de se
desfazer da relíquia. "Já disse para os meus filhos que, se um dia
precisarem vender alguma coisa, não vendam o carro."
O encontro
A quinta edição do Encontro de Carros Antigos, Caminhões,
Bicicletas e Antiguidades do Veteran Car Clube de Xanxerê acontece nos dias 23
e 24 de março, no Parque de Exposições Rovilho Bortoluzzi. Há uma área coberta
para 180 veículos, restaurante, mercado de pulgas, área para acampamento,
transporte gratuito aos expositores para o Centro, premiações e entrega de
certificados. Entre as atrações, um Cadillac conversível que promete arrancar
suspiros do público.
Organizador do evento, Jair Tacca Júnior comenta que fazem
parte do encontro clubes de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São
Paulo e da Argentina. Com entrada gratuita ao público, o encontro tem
expectativa de reunir um número superior a cinco mil pessoas e mais de 300
veículos, a exemplo do evento anterior.
Jair aprendeu com o pai a gostar de carros. Seu pai tinha um
Ford Maverick, que o inspirou a seguir pelo caminho dos carros antigos.
"Desde moleque tenho esta paixão e até hoje sou apaixonado pelos carros
antigos."
quarta-feira, 20 de março de 2013
Cores, formas e sons de um ofício antigo
Há 23 anos, Enólia Maria Pereira usa o vidro como
matéria-prima de sua arte
Fabiane De Carli Tedesco
Eles constroem sonhos com as próprias mãos, com a cabeça e
com o coração. Artesãos (ou poderiam ser chamados de artistas?) fazem parte da
história da humanidade há muitos séculos, sendo que os primeiros surgiram no
período neolítico (6.000 a.C), na época em que o homem aprendeu a polir a
pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras animais e vegetais. Ontem, dia 19
de março, foi dia de comemoração para os artesãos, já que era o Dia Nacional do
Artesão.
Na Rua Barão do Rio Branco, encontramos uma pessoa que vive
do artesanato há 23 anos: Enólia Maria Pereira. Ali, é o seu ateliê e a sua
galeria. A matéria-prima escolhida, o vidro, é moldada por Enólia com
criatividade. Suas peças, de formas inusitadas e cores vibrantes, são muito bem
recebidas não só aqui, como em diversas outras cidades brasileiras.
A arte de dona Enólia é decorativa e também utilitária. Cada
peça possui um significado. A escolha do vidro se deu porque em Chapecó, na
época em que Enólia começou, ainda não existia ninguém que trabalhasse com o
material. “Quis trazer esta ideia para Chapecó para enriquecer as obras dos
arquitetos”, conta. Formada em desenho artístico e em decoração de interiores,
Enólia dá sentido às portas e aos espelhos, aderindo aos mais diferentes
estilos, do clássico ao moderno.
Nascida em Guaporé (RS), Enólia está em Chapecó há mais de
40 anos. “Já me sinto chapecoense. Sou chapecoense de coração e de alma.” Ela
já criou muitas técnicas e diz que cada peça é única, já que procura não fazer
o mesmo sempre. Se dedica à milenar técnica do jato de areia e à técnica da
fusão de vidros, utilizando um forno de alta temperatura. É com o calor que a
arte de Enólia ganha forma e cor.
Dos vidros que sobram das vidraçarias, nascem peças cheias
de personalidade e de misticismo, a exemplo das mandalas, carregadas de
simbologias, como a flor de lótus, considerada sagrada no oriente. Algumas
levam o Olho de Órus, outras o espetro solar. Experiências religiosas e de
vida, encontradas nos objetos que, quando se chocam, produzem sons que se unem
às cores e às formas, em uma harmonia que perpetua o sentido da arte.
“A arte nos traz coisas belas, fascinantes, atordoantes,
maravilhosas. É para isso que existe.” (Ferreira Gullar)
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
Se carrega a minha semente há de ser o meu mundo
Em um domingo nublado, em um lado da cidade, alguns se
alimentavam da rapidez das grandes corporações; do outro lado, outros
cultivavam pacientemente uma horta regada de utopias
Fabiane De Carli Tedesco
Uma horta nasce das utopias, dos achismos caboclos e das
pesquisas em filmes e livros, como o Manual do Arquiteto Descalço, que deixou
de ocupar a estante para ocupar a cabeça de 15 pessoas que compõem o Carpindo
um Lote, projeto de agricultura urbana surgido em janeiro de 2013. Entre elas,
o arquiteto Thiago Scussiato Merlo, filho de agricultores que trabalhou na
terra até os 11 anos. "Plantei muito canteiro e este é o meu
retorno", revela. "Volto às raízes 22 anos depois. Volto a brincar no
mato, a brincar na terra."
O projeto foge da instrução programada do vídeo game,
lembrando como é bom mexer na terra, tomar banho de chuva e sair do
apartamento, como conta um dos membros do Carpindo um Lote, o tatuador Adnilson
Rafael Telles. É no quintal de casa, que a horta ganhou vida. Dar valor ao que
se faz com as próprias mãos e aos temperos colhidos na hora é o que move outro
membro do grupo, o publicitário Sérgio Franco, que já ensina o filho Lucas
Franco sobre o valor da terra. Ao lado dos amigos, Sérgio se lança em um
esforço vegetariano, já que, nas palavras de Adnilson, a cada escolha pela
carne, um prego a mais no caixão.
Com as mãos na terra surgem descobertas, verdadeiros
presentes de Deus. Descobertas e presentes que não estão nas prateleiras dos
supermercados, mas que são ricos em vitaminas e podem ser transformados em
chás, receitas e remédios naturais, como lembra a professora Fernanda Schnorr
Grando. Entre os encontros dos amigos na horta, surgiu uma ideia: El Toron,
marca de molho de pimenta criada pela designer Manu Benvenutti, que também se
rendeu aos prazeres da horta.
O grupo de amigos, formado por profissionais de áreas
distintas, entende o Carpindo um Lote como "muito mais do que uma ação de
fazer canteiros, plantar e colher", como diz Juliane Franco, formada em
matemática, física e psicologia transpessoal. "É um movimento com
ideologia 'anarco-libertária', que tem relação com saúde, sustentabilidade,
autonomia, resistência às corporações e até espiritualidade."
Para ela, as mudanças só acontecem a partir da nossa vontade
aliada à ação. "Como um grupo de amigos que gosta de se reunir para
conversar, cozinhar e comer, sempre nos preocupamos com a qualidade do que
consumimos. Estamos nos vendo em um mundo cercado por agrotóxicos e alimentos
aditivados e artificiais, sem preocupação nutricional, voltado ao consumo
excessivo de tudo e que muitas vezes nos adoecem ao invés de nutrir."
Assim, o movimento partiu do desejo de mudança.
"Enquanto ninguém começar, nada acontece e
continuaremos sempre nas mãos de multinacionais alimentícias, que se apossaram
do que é mais valioso para a humanidade: as sementes. Se todo mundo cultivasse
algo no seu quintal ou em um terreno baldio próximo, muita coisa seria
diferente. A conexão com a terra faz muito bem, as pessoas se distanciaram
disso, muitas já nem se dão conta de qual estação do ano estão. O plantio nos
faz observar as fases da lua, como está o clima e o que se come em cada época
do ano. Tudo isso nos faz mais saudáveis. E, de 'brinde', se ganha a
convivência com os amigos."
Difundir esta ideia na internet pode ser interessante para
mostrar para esta geração que há mundo além das grandes corporações.
"Queremos mostrar para as pessoas que não é difícil cultivar o que
comemos. Aliás, é muito agradável poder colher e colocar o alimento na mesa.
Criamos a fan page para documentar os nossos passos, os nossos erros e os nossos
acertos. Queremos estimular que outros sigam o nosso exemplo."
"Vá carpir um lote!"
Conheça o Carpindo um Lote
<https://www.facebook.com/CarpindoUmLote>, página com ideias sobre
agricultura urbana, com tudo para quem quiser iniciar uma horta ou mantê-la. Em bom Catarinês ,
"vá carpir um lote!"
Sessenta segundos de emoção
O sinal fica vermelho: hora de Romarinho mostrar todo o seu
dom para driblar as dificuldades
Fabiane De Carli Tedesco
Romarinho pode ser visto facilmente entre a São Pedro e a
Getúlio Vargas, principalmente nos finais de tarde. Vestido de amarelo, com uma
bola de futebol, Romarinho ganha a vida como artista de rua. O seu palco é o
asfalto. Quando o sinal fica vermelho, Romarinho começa o seu show de 60
segundos. Quando o sinal fica verde, é hora de se preparar para a próxima
apresentação.
David Pires, mais conhecido como Romarinho, tem 32 anos e
trabalha nas ruas há sete. Ele nasceu na cidade paranaense de Guaraniaçu e viveu
a maior parte do tempo em
Blumenau. Mas a casa de Romarinho é mesmo o mundo. Depois que
um amigo falou da sua habilidade com a bola, Romarinho passou a apostar mais em
si mesmo. Foi assim que partiu para a estrada.
Ele jogava futebol de salão pelo Malwee e também participou
do Jogo das Estrelas, ajudando Santa Catarina no período das grandes enchentes.
Amigo de Falcão e Neymar, como conta, Romarinho trabalha 12 horas por dia.
"Não tenho renda fixa e muitas vezes dependo de como está o tempo para
trabalhar." Chuva e vento forte impossibilitam o show de Romarinho, que
também se machuca por conta do número, um tanto arriscado. Uma vez, em Jaraguá
do Sul (SC), estava no semáforo no momento da uma fuga. "O bandido estava
fugindo da polícia e eu me joguei para o lado para o carro não me
atingir."
O que ganha é transformado em comida, diárias e viagens. Há
pouco tempo, ele deu adeus às diárias de hotel, já que alugou um quarto na
pensão de Dona Sula. A sua forma de vida é respeitada em Chapecó. "Não
tenho do que reclamar do povo chapecoense. As pessoas são simpáticas, o que não
acontece em todos os lugares."
Obviamente, em algumas ocasiões, sente o preconceito.
"É importante que as pessoas entendam que este é o meu trabalho e tenho
contas para pagar, como todo mundo." E o cansaço às vezes chega. "Só
eu sei o que é cansaço. O cansaço que sinto é destruidor." O artista deixa
claro que não tem vícios, ao contrário do que muitos possam pensar. Nem bebida,
nem cigarro, nem outras drogas. "Se usasse algo, não iria aguentar fazer o
que faço."
Romarinho ganhou o apelido de um de seus técnicos que achou
o estilo dele parecido com o do craque. Outra semelhança é a altura: os dois
são baixinhos. O baixinho dos semáforos, que dribla as dificuldades com o
melhor jeito brasileiro, ou seja, com bom humor, levou embaixadinhas e
malabarismos para diversos estados do Brasil. Também esteve na Argentina, Chile
e Paraguai. Agora já planeja uma viagem para a Bolívia e, no inverno, pretende
estar no Nordeste brasileiro, para fugir do frio.
Ele ainda não encontrou o seu momento de parar e sente muita
satisfação em trabalhar como artista de rua. "Ganhei o dom e gosto do que
faço. A melhor coisa é ver a alegria do povo que reconhece a minha habilidade. Mas, com muita
luta, se Deus quiser, pretendo ser empresário, ter um salão de beleza ou um
restaurante." De quando em quando, a saudade da família marca presença.
"Saudade tem, mas a gente leva", revela, lembrando que não vê o pai
há seis anos.
Enquanto Romarinho tem o mundo como casa, ele faz toda a
diferença. Orgulhoso, já avisa a plateia que está famoso, pois vai aparecer no
jornal. Embora a pele conheça e estampe o lado mais nocivo do sol, Romarinho
não deixa o sorriso apagar. E mesmo quando leva um "não" como
resposta, não faz cara feia. Ele sabe bem o significado de um ditado popular
que diz: "um dia é da caça, outro do caçador".
quinta-feira, 14 de março de 2013
Sobre a arteira
A aposentadoria faz o tempo passar diferente. É tempo de
cuidar dos pequenos detalhes, de despertar os talentos antigos, adormecidos.
Maria Lucia é aposentada, mas não só isso: é arteira, ou melhor, artesã. No seu
cantinho da bagunça, objetos comuns ganham alma. É no seu ateliê que, entre uma
cuia e outra de chimarrão e uma música e outra do Neil Diamond, que ela cria,
em todas as estações do ano. Maria Lucia hoje tem tempo para escolher o adereço
certo da cuia – lilás no último sábado, cor da espiritualidade e da
transformação –, para fazer florais, para cuidar da família e da casa. Da
cozinha, surgem pratos elaborados cuidadosamente; as plantas já podem receber o
carinho que os dias de números não proporcionavam. A casa na Oswaldo Cruz é o
lar de filhos, netos e vizinhos. Ali, todos encontram atrativos cheios de
significado, como os objetos feitos por Maria Lucia. A decoração ocupa todos os
cantos da casa. Em cada objeto, uma alma e horas de dedicação. A casa de uma artesã
é sempre mais charmosa e menos impessoal. A casa de uma arteira é sempre mais
convidativa do que a vitrine.
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