quinta-feira, 23 de maio de 2013

Café para esquentar os dias frios




Hoje é o Dia Nacional do Café, data que marca o início da colheita em boa parte do Brasil. Com o outono, há o aumento da procura pelo cafezinho, considerável também em Chapecó

Por Fabiane De Carli Tedesco

Os dias frios de outono pedem uma bebida quente, de preferência café. É o que muitas pessoas pensam, já que o aumento do consumo do café aumenta significativamente no outono e no inverno. Hoje, no Dia Nacional do Café, a reportagem do Jornal Sul Brasil seguiu o cheiro inconfundível do café e descobriu que o aumento chega a 70% em um estabelecimento da cidade.
É o que conta a proprietária Aldamaria Pereira. O apreço pelo café após o almoço foi percebido por Aldamaria quando passou a abrir o local ao meio-dia. “Começamos a oferecer almoço e verificamos que cerca de 60 a 70% das pessoas tomam café expresso depois da refeição.” Além do café, lá o chocolate quente e o capuccino não são procurados no verão. “Não é comum. Com a chegada dos dias frios, começamos a buscar novamente as máquinas que estavam guardadas.”
À noite, muitos clientes vão ao lugar para tomar o famoso cafezinho, que em breve ganhará ornamentos dignos de sua fama. “Os funcionários vão ser capacitados, fazer curso de barista, para que aprendam a dar um ar diferente ao café através da decoração.”
Para Aldamaria, trabalhar com o café é uma experiência apaixonante. “O café tem uma técnica que vem desde o grão, algo que influencia no produto final. Depende muito de uma boa escolha. Depois de tanto trabalhar com café, já percebo a diferença: se o café foi ou não bem extraído”, revela.

Dia Nacional do Café

A data foi criada no ano de 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) com a intenção de destacar o início da colheita na maior parte das regiões do Brasil e de valorizar esta bebida no País.

Para além da superfície



“Olhos do Coração” fala de uma criança incapaz de ver o mundo com os olhos físicos

Por Fabiane De Carli Tedesco

Foi no dia 15 de novembro de 2012 que o tão esperado primeiro filho de Marinês Pinsson Panozzo foi anunciado. “Olhos do Coração” é o primeiro livro de Marinês, que teve a sua história ilustrada por Claudia Alessandra Ramos Moschetta. Depois de uma longa procura, a Editora CRV, de Curitiba (PR), foi a escolhida para dar vida ao projeto da pedagoga, impossibilitada de fazer esforço físico, mas com uma mente inquieta e cheia de imaginação. “Procurávamos uma editora que aceitasse a minha forma de escrever e a forma da Claudia desenhar”, comenta Marinês. Com coragem e garra, Marinês e Claudia foram atrás, até que encontraram o que tanto procuravam.
Amante da leitura épica e da ficção com um fundo de verdade, nascida em 16 de agosto de 1965, a filha de Ibiaçá (RS) – chapecoense de coração – percorre as escolas para divulgar o resultado do seu trabalho. “Olhos do Coração” é uma obra de literatura infantil que foi uma espécie de saída para Marinês, que procurava uma maneira de fazer a diferença no mundo.
“Por conta de um problema de saúde, tive que parar de trabalhar. Só que eu não queria ser mais uma a não fazer nada. Queria fazer algo de bom para a humanidade, que fosse além da minha vida, da vida dos meus filhos. A vontade de fazer algo falou mais alto do que a preocupação com o custo inicial. O custo não é tão importante diante do fato de ter uma criança lendo, manuseando um livro com o seu nome.”
Se antes Marinês ensinava as crianças por meio do ofício de professora, hoje ela pode ensinar por meio da literatura. Um trabalho árduo, em um tempo em que muitas pessoas têm outras prioridades e deixam os livros um pouco de lado, na sua opinião. Classificada na Academia Taubateana de Letras, com menção honrosa da Academia Criciumense de Letras, com o poema “Intrépida Gente”, Marinês encontra no silêncio da casa o ambiente certo para criar. “As histórias surgem nos momentos mais solitários do dia, quando sou só eu comigo mesma.” Momentos de lucidez do pensamento, que não raro surgem em plena madrugada.
“Olhos do Coração” conta a história de uma criança que não vê com os olhos físicos. O texto instiga um segredo, que dá nome à obra. Para os amantes da boa literatura, uma pista: o livro está na Livraria Moderna e na Livraria Camões, em Chapecó. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O precioso conhecimento de uma parteira


Pelas mãos de Mariinha, incontáveis crianças vieram ao mundo

Por Fabiane De Carli Tedesco

Tantas crianças vieram ao mundo pelas suas mãos, que ela já perdeu a conta. Maria Celestina Rodrigues mora em uma casa perdida no tempo, em uma estrada de terra do Toldo Chimbangue, interior de Chapecó. Parteira, Maria, mais conhecida como Mariinha por conta da baixa estatura, também conhece o mistério das ervas, das quais extraiu remédios que, ao longo dos anos, curaram a sua família.
Mariinha, 83 anos, começou a fazer partos com 25 anos. Pelas suas mãos, nenhuma criança morreu. Para ela, o trabalho da parteira é importante e acredita que nascer pelas mãos de uma parteira é sempre melhor do que nascer pelas mãos de um médico de hospital. Nascida em Pinhal – pertencente ao município de Seara (SC) –, ela não se lembra em qual foi o dia em que nasceu. Mas uma coisa é certa: nasceu em casa, como era comum em seu tempo.
Mãe de oito, avó de incontáveis, bisavó de mais de 30 e tataravó de mais de uma dúzia, Mariinha teve o primeiro filho aos 14 anos e, depois de tanta vivência, ainda cuida de uma filha adotiva que está acamada. Além de parteira – ofício aprendido com a sogra – e criadora de remédios, ela trabalhou na roça, criou porcos e vacas de leite. Nunca passou os ensinamentos adiante, já que as novas gerações preferem a medicina dos hospitais ao invés da medicina da antiga cultura que, pouco a pouco, perde o seu impulso vital. Benzedeiros e médicos de ervas que já fazem parte de uma cultura extinta, desconhecida por muitos. Movidos pela ignorância, passam veneno nas terras, onde já não nascem as plantas de outros tempos.
Viúva há quatro anos, Mariinha certa vez foi ao médico e ele a desenganou. “Voltei para casa para morrer. Mas Deus foi o meu médico e ainda estou aqui.” Os filhos nunca perderam a esperança e deram a ela os remédios que a mãe sempre receitou às pessoas. “Minha mãe sempre salvou vidas e Deus sabia que ela também precisava ser salva”, comenta o filho Sebastião Antunes de Lima. Para Sebastião, Dia das Mães é todo o dia, embora exista apenas um dia comemorativo reconhecido. A alegria dele e dos irmãos é poder passar este dia ao lado dela, um privilégio aos seus olhos.
Segundo Mariinha, o que ela preserva após tantos anos de vida é algo chamado felicidade. “Me sinto feliz por ter os meus filhos por perto. É muito bom para uma mãe que, como eu, adora os seus filhos. Consegui criar os filhos, mostrando a eles o bom caminho. Como mãe, me orgulho por não ter nenhum filho no mau caminho. Eles não me deram trabalho, nunca foram da baderna.”
Mariinha guarda conhecimentos antigos, é dona de cores e símbolos mágicos, de lendas e costumes esquecidos. Na varanda, ascende o paiero e comemora, com um sorriso tímido, o dia em que as suas memórias estamparam as páginas de um jornal, inspirando tantas e tantas mães que celebram este dia mais do que especial.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Varieté


O humor crítico de Varieté


Cia De La Curva apresenta peça no próximo domingo, dia 12 de maio

Por Fabiane De Carli Tedesco

No dia 12 de maio, próximo domingo, a Cia De La Curva sobe ao palco do Serviço Social do Comércio (Sesc), de Chapecó, para apresentar a peça “Varieté Humor Crítico”. O espetáculo tem início às 18h, no Cine Teatro do Sesc. A entrada é gratuita e a distribuição das senhas tem início às 17h. Criada pelo ator Fernando Perri, a peça – ideal para um Dia das Mães em família – tem 50 minutos e é indicada para pessoas a partir de 12 anos.
Um monólogo com diversos personagens e diferente dos outros espetáculos da companhia, como diz Perri. Na peça, um palhaço deprimido e outro que vive de mau humor, além de um peixe politizado. São todos personagens que possuem características marcantes e são eles: o Palhaço Coragem, o Entrevistador, o Peixe e o Palhaço Paralelogramo. Em Varieté, o ator Fernando Perri interpreta os quatro personagens.
Segundo a companhia, o estilo teatral utilizado é o do teatro de variedades, também conhecido como “Varieté”. O público pode esperar por muito humor, destreza circense, improviso e interação com a plateia. Tudo isso forma o eixo central do espetáculo, que discursa temas importantes como política, sociedade e meio ambiente.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A voz calma e aveludada do rádio

Aos cinco anos, caixinhas de fósforo presas por um fio eram a sua maneira de se divertir e de se comunicar. Sessenta anos depois, a comunicação ainda é o seu mundo

Por Fabiane De Carli Tedesco
Colaboração: Gesélio Catalan


No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, o Jornal Sul Brasil encontrou uma figura que faz história nas ondas do rádio. Ivo Mendez, mais conhecido como Marquinhos, é um comunicador que teve o seu início ainda na Ditadura Militar, no ano de 1976. Além de comunicador/radialista, Marquinhos foi artista de circo, faz mapa astral, é inventor – tendo recebido o apelido de Professor Pardal –, cantor e eletrônico formado. De quando em quando, ele ainda sai pelas ruas de Chapecó vestido de palhaço, munido de seu violão italiano ornado de rosas.
Nascido “no dia em que a beleza entrou em férias”, como diz, em 11 de setembro de 1947, na cidade de Abelardo Luz (SC), aos cinco anos já se comunicava com os amigos à distância, por meio de caixinhas de fósforo presas por um fio. Ele não sabia que o rádio existia – só soube aos 11, 12 anos –, mas já conhecia a música. O apreço pela música o segue até hoje, já que Marquinhos é um grande admirador da música clássica, sentimental e italiana, sendo que o sertanejo de raiz tem um canto especial na sua vida. São músicas que ele busca no fundo do baú, surpreendendo ouvintes e colegas de profissão.
Em casa, Marquinhos guarda uma coleção de 800 discos de vinil e um Fusca 1976 – ano que marcou a sua estreia no rádio. Ao falar em carro, ele lembra de um acidente que quase tirou a sua vida e resume: “Nasci de novo”. Conhecido por ajudar as pessoas, Marquinhos acredita que é importante fazer o bem sem esperar recompensas. “A maior recompensa é ser feliz”, comenta. A voz calma e aveludada ainda ganha as ondas do rádio 37 anos depois, misturada às notícias que também compõem o seu “Show da Noite”.
Durante os quase 40 anos de rádio, Marquinhos já sentiu o poder da crítica e da incompreensão. Momentos em que o elogio não chegou, ferindo o que ele chama de “ego profissional”. “Tem sempre uns amigos da onça que não querem ver o seu triunfo e que invejam o seu carisma. Quando você recebe um ‘não’ como resposta, isso mancha o seu dia. Mas eu confio no meu talento e sempre digo: ‘se a sua estrela não brilha, não tente apagar a minha’”.
Nos tempos de ditadura, o comunicador diz que jogou limpo. “Sempre fui claro e agi sem medo das consequências. Já tratei de assuntos polêmicos, mas sempre com educação, agindo dentro da legalidade.” Na comunicação, trabalhou com televisão e também com jornal impresso, onde fazia reportagens, mas foi no rádio que encontrou o seu lugar ao sol. Ao longo dos 37 anos de rádio, percebeu o quanto a tecnologia mudou dentro e fora dos estúdios. Os discos de vinil e as fitas K7 deram lugar aos CDs e aos disquetes, que mais tarde foram também substituídos.
Aposentado, o comunicador não consegue se desvencilhar do rádio. “O rádio é a minha vida. É isso: o rádio, para mim, representa a vida.” O segredo para permanecer no ar por tanto tempo? “Carisma. O público gosta de alegria, gosta de quem sorri e de quem o faz sorrir. Isso, não tem dinheiro que pague.” A alegria o acompanha desde a sua estreia no rádio, quando apareceu em uma emissora, meio palhaço, meio cantor, para se apresentar para mais de 600 pessoas. “Eu não tinha um vozeirão, mas o dono do rádio gostou de mim e pediu para que eu voltasse.” Cantou músicas espanholas, pouco conhecidas pelo público chapecoense, e músicas italianas. Trinta e sete anos depois, Marquinhos ainda encanta milhares de ouvintes. “Não gosto de falar do meu trabalho; prefiro que as pessoas vejam (ou no caso ouçam) por si mesmas.”

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cia ContaCausos no Radar


Cia ContaCausos de malas prontas

Apresentações em São Paulo fazem parte da agenda da companhia chapecoense, que procura fortalecer a identidade regional por meio da contação de histórias

Por Fabiane De Carli Tedesco


Foi no blog da Cia ContaCausos (www.contacausos.com.br) que um convite inesperado surgiu: se apresentar em São Paulo, no Serviço Social do Comércio – Sesc Itaquera. Assim, a Cia ContaCausos está de malas prontas, com viagem marcada para esta sexta-feira, dia 3 de maio. Até o dia 11 de maio, a Cia ContaCausos se apresenta na cidade que é uma das maiores do mundo.
É a primeira vez que a companhia sai do Sul do Brasil. Tudo isso graças ao blog, que serve para mostrar o trabalho dos membros da ContaCausos, recebendo semanalmente 1.500 acessos. São 10 apresentações de dois espetáculos: “Esticando as Canelas” e “Tem Coroa, mas não é Rei!”. Além das apresentações no Sesc Itaquera, a ContaCausos faz outras duas apresentações de “Tem Coroa, mas não é Rei!” no evento Virada Sustentável, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), domingo, dia 5 de maio.
A ContaCausos é composta por diversas pessoas. Entre elas, Mariane Kerbes, que toca gaita em um dos espetáculos; Lucas Cruz, da Doss Propaganda, que cuida da identidade da companhia; Marcos Batista Schuh, responsável pelo cenário; e Josiane Geroldi, contadora de histórias.
Josiane conta que se apresentar em São Paulo representa uma conquista, que casa com a maior intenção da companhia: fazer com que um maior número de pessoas conheça as histórias que movem a ContaCausos. “Ir para São Paulo é um passo a mais”, comenta. Do mesmo modo que aconteceu em Porto Alegre após algumas apresentações da companhia, Josiane espera que convites para outros festivais apareçam a partir das apresentações em São Paulo.
Desde o ano de 2005, Josiane conta histórias, mas foi em 2010 que nasceu a ContaCausos, com a finalidade de agregar pessoas com o mesmo direcionamento. Para ela, Chapecó é fonte de ótimas histórias. “Aqui, há muitas narrativas a serem resgatadas, há um grande patrimônio regional. Pretendemos fortalecer a identidade da região, a exemplo do que acontece no Nordeste. Daqui, podemos levar o nosso trabalho para outros lugares, em um movimento de dentro para fora”, revela. 

Fotos: Mariane Kerbes